Se imaginarmos essa situação, talvez, seja assim: Estamos caminhando ou parados, olhando fixamente com espanto para o coração que pulsa em nossas mãos. As pernas, com certeza, estarão tremendo.
Assombro, medo, tudo no seu mais alto grau…
Provavelmente, cada pessoa teria um extremo cuidado e respeito com esse órgão que é a vida, ali, exposta e frágil.
O coração pode ser alado ou cavalgar como um cavalo baio pelas relvas verdejantes de nossos sonhos e fantasias, mas seguro em nossas mãos seria como uma criança recém-nascida, totalmente indefesa e incapaz de viver sem um meio acolhedor.
Agora, se formos um pouco mais longe nesse exercício da imaginação e pensarmos que o coração, simbolicamente, é a expressão do Amor, podemos então nos perguntar: Estamos tendo o mesmo cuidado e respeito com o Amor que sentimos?
Estamos sendo capazes de segurá-lo, ou loucos para entregá-lo a alguém, pois sua vulnerabilidade nos assusta, tremendamente?
Para sustentar o Amor é preciso ter confiança de que somos capazes de lidar com raridades, é preciso crer que o Amor é nosso maior patrimônio psíquico e que sem ele somos nada.
Mas a incapacidade do Ser Humano em viver o Amor já foi anunciada por Paulo Mendes Campos, em sua crônica “O amor acaba”.
…”O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num do- mingo de lua nova, depois de teatro e silêncio…
…”por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba”.
Que aprendizagem de vida difícil de acontecer! Aprisionamos cada vez mais esse sentimento em redomas e o Amor vai se rarificando, a solidão nos sacudindo com mais vigor e, dessa forma, vamos conhecendo a frieza das relações humanas.
Imagem de capa: UMB-O/shutterstock