Pode ser que o tempo não nos faça justiça. Pode ser que, entre um carinho e outro, até fiquemos encostados por um silêncio extenso. De todo jeito, registro aqui a minha parcela de querer. Deixo, por cima dos ombros, os versos entregues em comunhão desse sorriso que transborda no amanhecer seguinte. É pela dança que tivemos, pela noite que passamos.
Enquanto isso, vamos desfrutar do nosso melhor. Porque pode ser que o amanhã nem dure. Pode ser que encontremos caminhos distintos e não compartilhemos mais o mesmo par de pernas. Pode ser que, inclusive, cobremos espaços onde não seriam necessários colocarmos pontos. Não importa, penso. Fundamental é mantermos, como naquela melodia sintomática, a simplicidade dos abraços. Eu desbravando novos indícios e você transparecendo outros começos. É pela escolha que fizemos, pela saída que não imergimos.
Cá pra nós, não há medidas em nossos instantes. Pode ser que mais à frente, cuidemos para que os segundos sejam contados na ponta dos lábios. Pode ser que cataloguemos, cada uma das noites, em grau de importância e intensidade. Pode ser que, indo ainda mais adiante, prestemos tributos calorosos em quartos enumerados mundo afora. É pela mão que tocamos, pela brevidade que asseguramos.
Com você uma noite pode ser a vida inteira. E mesmo que não seja, estivemos, por uma noite, desafiando todos os encontros que poderiam terem sido e não foram. Dançamos no silêncio. Fomos. Somos. Com você o tempo ganhou uma nova configuração.