Indicar alguém a consultar um psicólogo é uma tarefa delicada, afinal aceitar que se tem um problema faz parte do tratamento
Costumo sempre dizer que é muito diferente uma pessoa precisar de auxilio psicológico, e essa pessoa buscar por este auxilio. Precisar e buscar são etapas terapêuticas necessárias e muito particulares. Acontece com todos os casos, inclusive com aquela pessoa que deseja e acredita nesta ajuda psicológica para si mesmo. Então, mesmo a pessoa querendo uma ajuda, não significa que ela irá até essa ajuda ou mesmo que irá tão brevemente. E esta reflexão sobre quando, onde, com quem e porque buscar ajuda já é considerada parte do processo terapêutico. Os receios, as necessidades, os desejos e os tempos de cada etapa são muito particulares para cada pessoa e em alguns casos podem levar anos para se concretizar (isso quando se concretizam).
Ainda é muito comum as pessoas acreditarem que o único motivo merecedor de ajuda psicológica ou mesmo psiquiátrica são as necessidades de quadros ou diagnósticos extremos como: uma depressão grave, um transtorno relevante ou um quadro de esquizofrenia. Isso assusta e afasta muitas pessoas do consultório… Uma das primeiras frases que costumo ouvir de um paciente novo é: ?Não sou louco! Não sei você pode me ajudar ou se é aqui que resolvo isso?. Muitos ainda não entendem bem o porquê de um psicólogo ou para que procurar este profissional. E por isso acabam desenvolvendo a ideia de que somente aqueles que (de acordo com o julgamento deles) não são capazes de uma estrutura é que deveriam estar em um consultório terapêutico.
E é ai que está o maior engano. Um consultório psicológico serve justamente para qualquer pessoa, independente necessidade e diagnóstico, que seja capaz de ir e vir, de questionar o outro e a si mesmo, que possa ter consciência de si e do meio e que assim consiga entender suas limitações, conflitos e dificuldades para poder trabalhar com isso em sua vida.
A negação faz parte do inicio pré-terapeutico e às vezes ela persiste mesmo durante o processo de acompanhamento. É sempre importante respeitar o tempo e o limite de cada pessoa, pois nem sempre é fácil admitir ou perceber que estamos sofrendo ou angustiados. Usamos de disfarces, desculpas e justificativas para nos proteger da ideia do admitir alguma fragilidade e isso normalmente ocorre porque lidar com este ponto não é fácil (independente o que seja).
No fundo, todos nós temos receios de não dar conta de nossas questões, de nos perdermos, de não sermos suficientes em nosso equilíbrio entre razão e emoção. E por isso precisamos provar (para nós mesmos) que damos conta sim de nossas questões. E a ideia de tentar ou conseguir sozinho nos representa uma fantasia de poder. A humanidade ainda possui grandes e bons conflitos, em que são confundidos alguns conceitos, como acreditar que buscar ajuda é uma incapacidade e essa ideia é um grande equívoco.
Por isso, indicar ou sugerir para alguém um apoio psicológico é mais delicado do que pode parecer, pois a pessoa pode ainda não ter entrado em contato com seus conflitos e angustias ou, mesmo que já os esteja percebendo, pode ainda estar confusa e com medo de mexer ou analisar este conteúdo. Assim, esta é uma situação que não deve ser forçada nunca.
Para um processo psicológico saudável e efetivo, devemos sempre considerar, como fundamental, o interesse e também a disposição por parte da pessoa para com todo o trabalho psicológico. Isso mesmo, sem interesse e participação da pessoa, não é possível uma ajuda efetiva, no máximo uma ajuda paliativa. Não existe ajuda eficiente sem que a pessoa aceite primeiramente ser uma paciente.
Quando nos assumimos enquanto pacientes, estamos assumindo para nosso EU que algo não vai bem, independente o que seja e qual intensidade e se escondemos algo. Neste momento abrimos uma porta para começar uma investigação sobre nossas intimidades. Às vezes são questões que estão muito latentes e ao nosso alcance de percepção, ou outras vezes podem ser pontos ainda não perceptíveis, mas refletidos em outros sintomas que nos chamam a atenção.
É importante para aqueles que desejam ajudar, entenderem que o receio, a resistência e até a negação fazem parte, pois são formas de defesa de todo ser humano. E que forçar o outro a fazer algo ou adotar uma ideia, não ajuda e muitas vezes piora. O mais indicado é mostrar que é compreensível e ao mesmo tempo está preocupado.
Uma sugestão simples é em algumas conversas com esta pessoa, que possa estar precisando de ajuda, tentar exercer um papel de espelhamento. Mostre aos poucos e com muito tato e paciência os sintomas que a pessoa vem apresentando como: sofrimento, angústia, irritação, apetite descontrolado, dificuldade em se manter empregado ou qualquer que seja o quadro. Ajude-a perceber e pensar na intensidade dos sintomas ou do caso e como isso pode estar fora de um grau saudável ou mesmo já esteja prejudicando sua vida, causando perdas e sofrimentos. Faça isso através de pequenas conversas orientadoras e explicativas dando sua opinião, mas não a impondo como verdade. Pode também mostrar reportagens ou histórias de casos que vocês conhecem ou ouviram falar para ajudar na percepção e no autoreconhecimento desta pessoa.
Atenção! Deve-se sempre tomar muito cuidado para não criar ou imaginar diagnósticos por conta própria e firmar esta ideia, nem mesmo para tentar usar disto para convencer e levar a pessoa para uma ajuda. Isto é muito comum de acontecer e normalmente causa grandes conflitos e angústias. Somente os profissionais podem de fato diagnosticar e saberão junto ao paciente diferenciar os sintomas de um quadro fixo dos sintomas passageiros, por exemplo, diferenciar tristeza de depressão. Quando alguém despreparado já anuncia que o outro pode estar doente, pode criar uma grande resistência e dificultar o inicio da ajuda. Então, apenas se mantenha mostrando que está preocupado e que poderá ser importante e até gerar alivio ouvir a opinião de um profissional.
Vale saber, também, que buscar uma análise de um profissional não significa realizar um acompanhamento. Os primeiros encontros são utilizados para uma entrevista, para que paciente e profissional se conheçam, sem compromisso de ir adiante. Caso cheguem à conclusão que não precisa de auxilio psicológico isso será mostrado por ambas as partes. Cada caso sempre será visto e recebido em sua particularidade. Mostrar isso para a pessoa que acredita estar precisando de ajuda muitas vezes ajuda neste passo de ir até o consultório.
Explique, também, que a relação do psicólogo é muito diferente da relação com uma mãe, um pai, irmão, amigos… A neutralidade afetiva faz toda diferença para que a pessoa possa ser vista e compreendida por diferentes ângulos e assim poderá ter a chance de se perceber, se entender, ser acolhida e assim poder fazer algo que seja significativo e construtivo para com sua vida e necessidades.
Para terminar reforço que buscar, iniciar e manter uma terapia psicológica, apesar de proporcionar um espaço de alívio e construções para vida, também exige coragem, pois o paciente irá entrar em contato com certas intimidades a seu respeito que muitas vezes são desconhecidas e ele nem sempre está preparado para lidar. Por isso o ideal é não forçar essa busca.
Nota: Texto reproduzido com a autorização da autora.
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