“Eu não faço a menor ideia do que eu tô fazendo com a minha vida”.
Você provavelmente já pensou, falou ou ouviu alguém dizendo essa frase ou alguma variação dela. Essa exata citação é o título de uma excelente comédia nacional dirigida pelo meu xará Matheus Souza. O filme conta a história de Clara (Clarice Falcão), que está indecisa em relação às suas escolhas. A jovem está cursando a faculdade de Medicina por pressão familiar e não por vocação. Sem contar para ninguém o que está sentindo, ela passa a matar aulas no período da manhã. Durante essas aventuras matutinas, Clara conhece um rapaz que a ajuda a encontrar um norte para sua vida. Quem nunca, né?
A verdade é que a maioria de nós não faz a menor ideia do que está fazendo com a sua vida! Vivemos a maior parte do tempo no piloto automático. Mesmo depois de terminar a escola. Mesmo depois de conseguir um emprego. Mesmo depois de quando começamos a ganhar dinheiro! Seguimos fielmente as convenções sociais sem nos questionarmos o que de fato queremos. Sem nos questionarmos qual o nosso propósito de vida.
Entre meus 18 e 25 anos eu troquei minhas aspirações profissionais mais do que minhas cuecas. E, mesmo depois de tirar alguns projetos do papel, apenas aos 26 — depois de me formar na faculdade, fazer uma pós-graduação, ler uma dezena de livros e conhecer 7 países — que defini claramente o que queria para a minha vida.
Essa é uma luta enfrentada por 99% dos adultos. A escola e a faculdade não nos preparam para a vida. Elas nos preparam para executarmos tarefas. Toda aquela criatividade infantil é suprimida no colégio e trocada por coisas que você tem e não quer necessariamente fazer.
“O que eu quero fazer da minha vida?”, “eu não sei o meu propósito”, “não há nada em que eu seja bom”. Tenho recebido muitos e-mails de pessoas entre 40 e 50 anos que viveram uma vida inteira no modo automático e ainda não sabem seu propósito. Parte do problema é o conceito de “propósito de vida” em si. Essa ideia de que temos dons e cada um de nós nasce com um propósito maior e é nossa missão cósmica ir atrás disso. Bullshit. Esse é o mesmo tipo de balela usado na frase “não aconteceu porque não era pra acontecer”. Não aconteceu por culpa de alguém. Será que foi sua?
A verdade é que nossa vida aqui na Terra é limitada. Não sabemos o dia de amanhã, não sabemos quantos anos vamos durar. Então, a pergunta que deve ser feita internamente é: Qual o objetivo de tudo o que eu estou fazendo atualmente? Pense em tudo o que importa pra você. De prontidão eu diria que gostaria de passar mais tempo com as pessoas que amo, ter mais flexibilidade e liberdade com o meu trabalho. Ah, e viajar mais. Opa, quem sabe ter a liberdade de levar meu trabalho dentro de uma mochila para qualquer lugar do mundo. Um computador e acesso a internet. É tudo o que preciso. Pronto, quero ser um nômade digital. E foi aí que aos 26 anos eu me toquei do que de fato queria fazer com a minha vida. E nessa jornada teve um livro que mudou a minha vida. Pesquise por “Trabalhe 4 Horas por Semana”, do Tim Ferriss. Mas não se iluda com o título…
Vamos dizer que você está se sentindo desmotivado, inseguro de si mesmo, sem rumo, sem paixões e não tem claro em sua mente qual o seu propósito de vida.
Não há nenhuma razão para você contemplar o significado cósmico de sua vida enquanto está sentado em seu sofá assistindo algo no Netflix e comendo Doritos. Em vez disso, levante a bunda do sofá e tente descobrir o que realmente é importante para você. Uma das perguntas mais comuns que recebo por e-mail é sobre o que as pessoas devem fazer com suas vidas, quais seus “propósitos de vida”. Esta é uma pergunta impossível de eu responder. Eu não tenho ideia. Quem sou eu para dizer o que é certo, errado ou importante para eles? Não sou um guru, não tenho fórmula mágica, sou apenas um cara de 27 anos que escreve sobre coisas que percebe em seu dia a dia. Ou que aprendeu em algum livro. Acredite: você é o único que pode responder essas perguntas. Nesse caminho você pode encontrar facilitadores como escritores, autores de livros, vlogueiros, coaches, mentores ou professores. Esses caras, como eu, podem te ajudar, mas nenhum deles te dará essas respostas — e se alguém te prometer isso estará mentindo. Você é exclusivamente responsável pelo seu destino.
Se eu tenho um conselho? Saia da sua bolha — o termo pensar fora da caixa já está muito batido e clichê.
Quando estamos em nossa bolha, estamos preocupados exclusivamente em não nos sentirmos desconfortáveis. Por isso muitos tem dificuldades com mudanças. É muito mais fácil ficar na zona de conforto. Esse medo de ficar desconfortável nos torna ansiosos com o pensamento de fazer algo que não nos é conhecido. Aí surge o pavor do fracasso. E se eu largar meu emprego, tentar empreender e tudo der errado? Cara, mas e se der certo?
O medo de falhar nos leva para o buraco negro da procrastinação. Ficamos sentados esperando que o mundo — ou que alguma força cósmica — nos dê o que queremos e, quando isso não acontece, ficamos frustrados.
A partir do momento que você conseguir responder aquelas perguntas, perceberá que a vida é um presente. Vai aprender que nosso bem mais valioso é o tempo. Não é o carro do ano, não é um apartamento na beira da praia. E não digo isso de forma generalista. Quando falo em tempo, me refiro ao tempo que você perde fazendo coisas inúteis e sem sentido. Aquele tempo perdido no trânsito durante o deslocamento para o emprego que você detesta. Coisas que não o levarão a lugar nenhum. Nesse processo você também aprenderá o quão é gratificante fazer a vida das pessoas ao seu redor um pouco melhor. E ficará viciado nisso. Escreverá sobre isso, influenciará outras pessoas. Achará, de fato, seu propósito de vida. Aí, champs, tudo fará sentido.
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