O humor é definido como um estado de ânimo que gradua a disposição e o bem-estar psicológico e emocional dos indivíduos, e pode ser avaliado pelo conjunto de sentimentos e emoções vivenciados em determinado período da vida. Sentimentos e emoções formam a afetividade e se relacionam ao humor, estando ligados ao temperamento, que define a individualidade e a forma de reagir às circunstâncias de acordo com suas características, sendo inato. É comum ouvir comentários de que alguém é calado ou nervoso desde criança, ou sempre foi vaidosa ou curiosa, características que fazem parte da pessoa, e que determinam seu comportamento.
Para exemplificar o papel de sentimentos, emoções e humor, imaginemos uma pessoa apaixonada. Ela experimenta o sentimento de amor, que origina a emoção alegria e lhe dá a sensação de bem-estar. Este indivíduo se sentirá feliz e seu humor estará ótimo. Mas, se a pessoa apaixonada não for correspondida, sentirá tristeza e seu humor pode ficar deprimido. O mesmo sentimento (amor), dependendo das circunstâncias, provocará emoções e estados de ânimo diferentes. Podemos concluir então que o humor depende das situações, que ele muda de acordo com os acontecimentos e, principalmente, como estes são encarados.
É natural sentir infelicidade e desânimo, preocupar-se, ficar irritado ou com raiva, dar vazão a frustrações, todas as emoções têm uma função de autorregulação, é preciso vivenciá-las e então superá-las. Nisso se inclui o mau humor, resposta emocional passageira, já que a vida é dinâmica. Mas se situações mudam, novas oportunidades se apresentam, se há sempre novas possibilidades, os sentimentos se renovam e trazem diferentes emoções, como entender pessoas que parecem eternamente de mal com o mundo?
Indivíduos que demonstram incapacidade de usufruir a vida e parecem dominados por um constante sentimento de negatividade, para os quais o copo da vida está sempre meio vazio e andam acompanhados por uma nuvem negra, podem sofrer de um transtorno de humor denominado distimia. A distimia caracteriza-se principalmente pelo desinteresse por atividades prazerosas; irritabilidade, mau humor e descontentamento constante; falta ou excesso de apetite; insônia ou sonolência excessiva; cansaço constante e falta de energia; baixa autoestima, pessimismo e desesperança; dificuldade de se concentrar e tomar decisões.
A distimia difere de outros tipos de depressão pelos sintomas serem mais leves e contínuos, como se fosse a maneira de ser da pessoa, podendo levar de uma vida limitada até o isolamento, causando prejuízos pessoais e profissionais. Alguns critérios diagnósticos são a observação dos sintomas mencionados por longo período de tempo, além de queixas de dores físicas, e a avaliação de comportamentos como abuso de álcool e drogas, que são buscados com frequência nos casos de transtorno de humor, na tentativa de escapar ao mal-estar emocional.
A dificuldade de diagnóstico ocorre pelo fato de a própria pessoa acreditar que sua forma de ver e pensar o mundo, os outros indivíduos e o futuro e de reagir aos estímulos externos faz parte de seu temperamento. A terapia cognitivo-comportamental trabalha com a proposta de mudanças das crenças e dos padrões de comportamento que possibilitam a aquisição de habilidades que tornam a vida menos sombria e insípida para os que sofrem de distimia.