Como estamos nos relacionando?

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No mundo cada vez mais utilitário que vivemos, às vezes o que parece como genuíno afeto, pode se mostrar apenas interesse se olharmos com mais atenção.

Tem pessoas que só se aproximam das outras ou fazem um favor, agindo de forma gentil, quando isso se torna conveniente, quando vão lucrar de alguma forma com isso.

São pessoas que, infelizmente, não sabem ter uma relação de amizade baseada no carinho, afinidade e interesses em comuns. Veem o outro como uma forma de obter alguma coisa, não como amigo, mas como um contato a ser acessado se for preciso, um networking, uma conexão que poderá ser valiosa a longo prazo.

Não dão ponto sem nó, tem sempre um motivo, uma agenda para fazer as coisas. São pessoas que só veem o outro como uma moeda de troca, como uma forma de capitalizar, de ganhar influência, status ou o que essa pessoa tenha para oferecer.

Às vezes, algumas pessoas agem assim não por serem más, mas porque sempre agiram assim, de forma egoísta e interesseira, mas nunca viram problema nisso. Pode ser por viverem com a marcha engatada, ou no piloto automático e nunca pararam para refletir como elas são autocentradas e narcisistas.

Pessoas que ouvem, mas não escutam o que o outro tem a dizer, pessoas que falam, mas não se comunicam, não se conectam com as pessoas. Se relacionam, mas não criam laços duradouros, tem muitos conhecidos, mas não amigos de verdade. Porque pra isso é preciso intimidade, aprofundamento, entrega para poder florescer uma ligação de verdade.

Dizem que existem dois tipos de pessoas no mundo: aquelas que se dão, que se doam aos outros e a comunidade ao seu redor. E aquelas que tomam as coisas, que vivem pedindo coisas, favores, ajuda ou qualquer coisa que elas possam precisar. Se relacionam dessa forma, se aproximando de pessoas que irão ser úteis em algum momento.

Acredito que invariavelmente, todos nós já fomos em algum momento ou circunstância uma pessoa que se prontificou a ajudar o outro e em outra situação alguém que precisou de ajuda e pediu um favor a alguém. E não há nenhum problema nisso, afinal, a vida é assim mesmo, às vezes aperta, às vezes afrouxa e acredito que todo mundo precisa de ajuda em alguma coisa, em algum momento.

Isso é saber ser humilde e exercitar a auto-análise para conseguir medir até onde podemos ir sozinhos e quando precisamos de ajuda. Acho que o importante é buscar um equilíbrio, ser o tipo de pessoa que está disposta a ajudar quando for preciso e também saber pedir ajuda quando for necessário.

É não fazer as coisas de caso pensado, usando os outros como peças de tabuleiro, calculando à frente, agindo de forma interesseira e querer sempre ganhar alguma coisa ou tirar vantagem da situação de alguma forma.

E como a gente faz isso?

Sendo nós mesmos, agindo de forma autêntica, se relacionando com as pessoas e o mundo ao nosso redor de uma forma franca, genuína, sem subterfúgios. Não tendo nada debaixo do tapete para esconder, jogando limpo e agindo de peito aberto. Sem nenhum interesse a não ser criar laços de amizade e relações afetivas baseadas no carinho, no afeto e no prazer de estar na companhia do outro.







Vivo entre a ponta da caneta e o papel, entre o clique no teclado e a história que desabrocha na tela. Sempre em busca da palavra perfeita, do texto perfeito e do livro perfeito. Acredito no poder curativo da música e de um bom livro. Cinéfila, apaixonada por séries, Los Hermanos e filmes do Woody Allen.