Gatilho é um termo que utilizamos para denominar um estímulo emocional causado no cérebro, que ativa as lembranças de situações marcantes em nossas vidas. Assim, o gatilho emocional está relacionado aos nossos traumas, que são muito estressantes quando surgem de maneira inesperada.
Entretanto, eles são sui generis e se manifestam de modo diferente em cada pessoa, que podem ser disparados em nosso cotidiano, por meio de palavras, cheiros, cores, sons, gestos, lugares e circunstâncias, que provocam uma reação emocional intensa dentro de nós, desencadeando choro, raiva, tristeza, medo, ansiedade, angústia, etc.
Os gatilhos emocionais, geralmente, são abordados com deboche, todavia eles têm fundamentos psicológicos e devem ser tratados com seriedade. E, na maioria dos casos, estão vinculados às sensações negativas, mas também às emoções positivas.
É importante encontrar a fonte dos gatilhos, mesmo sabendo que suas origens estão nos eventos traumáticos da nossa infância ou adolescência, porque várias vezes suas causas não são claras, mas quando afloram nos geram sofrimentos e autocríticas severas.
Apesar desse conceito ter sido difundido na Internet como meme, contudo, muitas postagens de vídeos, áudios, imagens e textos nas redes sociais são as manifestações de gatilhos emocionais, que sinalizam que os sujeitos estão sentindo emoções ruins. Aliás, certas mídias sociais manipulam os nossos gatilhos emocionais, conforme seus interesses.
No entanto, o problema está no consumismo, um estilo de vida que cobra caro pela felicidade e não nos oferece nenhuma autenticidade por ela, que nos leva a pensamentos negativos e atitudes agressivas por não ter atingido o prazer e o sucesso prometido.
Em razão disso, temos que organizar a nossa vida interna, que nos permitirá lidar com os nossos gatilhos, sejam eles de emoções negativas e positivas. Porém, é necessário exercitar de forma tranquila a nossa mente, que nos auxilia a controlar as nossas emoções e enfrentar às adversidades.
Portanto, precisamos compreender os motivos dos nossos gatilhos emocionais, que não são lineares e sequer iguais para todos. O primeiro passo é observar seus sintomas, a fim de ajustá-los ao ritmo do nosso corpo e ao tempo das nossas ideias, no intuito de que não sejam usados no calor do momento, nos desgastes emocionais e nas guerras mediáticas.
Afinal, nem sempre é fácil identificar as causas dos gatilhos emocionais, tornando-se necessário buscar apoio psicoterapêutico, pois é como disse Aristóteles: “Qualquer um pode zangar-se – isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa – não é fácil.”
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Jackson César Buonocore é Sociólogo e Psicanalista