O livro de memórias Minha História, de Michelle Obama, deve se tornar a autobiografia mais popular de todos os tempos – mais de 10 milhões de cópias foram vendidas em apenas 5 meses.
A editora Penguin Random House, que também detém os direitos do livro ainda não-publicado de Barack Obama, afirma que cerca da 618 mil unidades foram vendidas só no Reino Unido.
Minha História é elogiado por atrair mulheres de diferentes idades e em diferentes estágios da vida – falando de sua infância e carreira, do tempo que Michelle passou na Casa Branca, de aborto espontâneo e do tratamento de fertilidade para engravidar das filhas, Malia e Sasha.
Repórteres do HuffPost UK e leitoras contam o que o livro significa para elas:
Li o livro e ouvi o audiobook – o dobro de Michelle, o dobro da diversão. Já sabia que ela era incrível, e ela foi uma primeira-dama (híper) visível para mim, mas foi a primeira vez que a vi como uma mulher normal, não um ícone.
Muitas mulheres, especialmente negras, se identificam com ela – da relação com a mãe dona de casa e o pai, que dava extremamente duro, ao que disseram que ela jamais seria capaz de conquistar. Isso a fez se esforçar para provar que aquelas pessoas estavam erradas.
Gosto de seguir processos e planejar tudo com antecedência, e o livro foi uma lembrança das semelhanças que tenho com ela – e como esses planos afetaram a felicidade dela. Também foi importante lembrar que, por mais que você planeje tudo nos mínimos detalhes, esses planos podem ficar muito distantes da realidade se seu parceiro decide se candidatar à Presidência.
As descrições do relacionamento com o marido me marcaram muito e, de novo, me fizeram me identificar com esse casal adorável. As discussões sobre ter filhos ou não, a comunidade que eles construíram juntos em Chicago e o respeito que eles têm pela opinião um do outro me lembram que até mesmo as pessoas mais fenomenais do mundo têm de se esforçar para ter um relacionamento bem sucedido.
Foi difícil largar a obra-prima que é Becoming [título original, em inglês]. As histórias de viagens, autodescoberta, amor, conexão, conflito, laços familiares, doença, morte, carreira, amizade, vida acadêmica, crises, lições de vida, crescimento – é uma rica tapeçaria de vida, com todos os seus detalhes tortos e gloriosos.
Obama é uma negra forte da zona sul de Chicago, mas durante a maior parte da história ela é uma mulher com a qual podemos nos identificar a despeito de raça, gênero e geografia. Além disso, o livro é escrito de maneira muito acessível. Li o livro no começo do ano, e desde então nenhum outro o superou. É simplesmente maravilhoso.
De tudo o que gostei, a parte em que Michelle e Barack se encontram pela primeira é a minha predileta. Imagine se eles soubessem como suas vidas estavam prestes a mudar!
Apesar de o mundo ter ouvido a história dela várias vezes e de o livro não ter muita coisa que a gente já não soubesse, ouvir todas essas histórias nas palavras dela foi uma experiência especial. A história dela conquistou meu coração e me inspirou.
É difícil imaginar que uma mãe branca e suburbana que cresceu na Inglaterra dos anos 1980 e 1990 possa se identificar com o livro da primeira negra a ser primeira-dama dos Estados Unidos, que cresceu em Chicago nos anos 1960 e 1970 – mas aconteceu. O livro mostra a mentalidade de ‘empenho’ das mulheres e como refletir sobre isso e sobre ter filhos.
Adorei a história do piano – como ela teve dificuldade de achar seu lugar diante do teclado quando fez sua primeira apresentação, porque havia uma falha na tecla dó centra no piano do seu professor. Isso mostrou a realidade de crianças de famílias menos privilegiadas – mesmo quando elas “chegam lá” – relacionadas a fatores nos quais pessoas mais privilegiadas nem sequer pensam.
Como mãe de dois, tento encontrar um equilíbrio entre o trabalho e a criação dos meus filhos. As histórias sobre as filhas são inspiradoras. Adotei o termo “anos da bolsa de fraldas”, que não só me fazem dar risada, mas também me lembram que é uma fase curta e que vai terminar rápido. Tenho de curtir meus filhos enquanto eles são tão pequenos.
Também gostei da maneira como Michelle construiu uma carreira que ela ama, conhecendo pessoas e ousando dar uma “virada”. Foi muito prático e, para mim, diferente do que outras pessoas “inspiradoras”, que simplesmente dizem: “É, vire sua vida de cabeça para baixo, simples assim”. Você vê como ela pensou no assunto. Muitas mulheres vão se identificar com essa mentalidade de lista: trabalhar duro, tique, que venha a próxima tarefa.
Sim, ela é amada no mundo inteiro, mas parte da mídia global a vilipendiou e ridicularizou Michelle Obama – lembra as referências a macacos e à masculinidade? Durante muito tempo, vimos a primeira dama através das lentes das câmeras dos outros. Em “Becoming”, ela apresenta sua verdade em seus próprios termos.
Michelle usou sua autonomia para escolher as histórias e fotografias que queria compartilhar conosco, e o fez com sua elegância, graça e eloquência de sempre.
O ato de colocar no papel suas conquistas e documentar momentos importantes serve como autovalidação; em um mundo que pode ser frio e cruel com as mulheres, especialmente as negras, isso é de importância vital. Em “Becoming”, são reescritos esses pergaminhos de literatura, essas páginas da história, esses corredores de instituições e composições de movimentos inteiros que excluíram as perspectivas e narrativas dos negros.
Parte da beleza dessas memórias é que pudemos testemunhar a evolução da mulher que ela é hoje. A história dela mostra que tudo é possível – e que somos capazes de conquistar nossos sonhos mais malucos, se estivermos preparadas para nos dedicar e acreditarmos e nós mesmas.
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*Este texto foi originalmente publicado no HuffPost UK e traduzido do inglês por Geledes
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