Con la frente marchita – Joaquin Sabina

A letra da canção faz referência o tempo todo a alguém que está exilado na Espanha na época da ditadura na Argentina, uma moça pela qual se apaixona o cantor, com quem compartilha tardes inteiras. O tango de Gardel fala em voltar cansado, já envelhecido, talvez sob o peso da derrota, mas finalmente, voltar a casa… (“volver con la frente marchita”).

María Beatriz Valdivia

Con la frente marchita*

Compositor: S. Castillo, Antonio G. De Diego, Joaquín Sabina, Pancho Varona

Sentados en corro merendábamos besos y porros

Sentados em roda, fazíamos um lanche de beijos e maconha

Y las horas pasaban deprisa entre el humo y la risa.

E o tempo passava depressa entre risos e fumaça

Te morías por volver con la frente marchita cantaba Gardel

Você morria de vontade de voltar “con la frente marchita”  como cantava Gardel

Y entre citas de Borges, Evita bailaba con Freud.

E entre citações de Borges (o escritor argentino), Evita (Eva Peron, a mulher de Domingo Peron, presidente argentino que muitos comparam com Getúlio Vargas) dançava com Freud.

Ya llovió desde aquel chaparrón hasta hoy

Já choveu muitas vezes desde aquele dia em que você partiu (muita coisa já aconteceu)

Iba cada domingo a tu puesto del Rastro a comprarte

Todo domingo ia ao teu posto do Rastro (só o nome de um lugar) comprar

Carricoches de miga de pan, soldaditos de lata.

Carrinhos feitos de migalha de pão, soldadinhos de lata (ela era artesã)

Con agüita del mar andaluz quise yo enamorarte,

Eu tentei conquistá-la com a beleza deste mar da Andalucia

Pero tú no querías más amor que el del Río de la Plata.

Mas você estava apaixonada pelo Rio de la Plata

Duró la tormenta hasta entrados los años ochenta.

A tempestade durou até meados dos anos oitenta (fim da ditadura na Argentina)

Luego, el sol fue secando la ropa de la vieja Europa.

E a passagem do tempo foi fazendo com que tudo voltasse à normalidade

No hay nostalgia peor que añorar lo que nunca, jamás, sucedió.

A pior saudade é aquela que se sente por aquilo que jamais aconteceu

Mándame una postal de San Telmo, adiós, ¡cuídate!-

Me manda um cartão postal de São Telmo, adeus, se cuida! (São Telmo é um bairro antigo, belíssimo, muito visitado pelos turistas)

Y sonó entre tú y yo el silbato del tren…

E entre eu e você o apito do trem…

Iba cada domingo a tu puesto del Rastro a comprarte

Todo domingo ia ao teu posto do Rastro (só o nome de um lugar) comprar

Carricoches de miga de pan, soldaditos de lata.

Carrinhos feitos de migalha de pão, soldadinhos de lata (ela era artesã)

Con agüita del mar andaluz quise yo enamorarte,

Eu tentei conquistá-la com a beleza deste mar da Andalucia

Pero tú no querías más amor que el del Río de la Plata.

Mas você estava apaixonada pelo Rio de la Plata

Aquellas banderas de la patria de la primavera,

Aquelas bandeiras da pátria da primavera (os festejos pela volta da democracia)

A decirme que existe el olvido, esta noche han venido.

Vieram esta noite me dizer que é possível esquecer

Te sentaba tan bien, esa boina calada al estilo del Che.

Aquela boina ao estilo do Che ficava tão bem em você

Buenos Aires es como contabas, hoy fui a pasear,

Buenos Aires é como você contava, hoje eu fui passear

Y al llegar a la Plaza de Mayo me dio por llorar

E ao chegar à Praça de Maio comecei a chorar

Y me puse a gritar: ¿dónde estás?

E comecei a gritar: onde você está?

Y no volví más a tu puesto del Rastro a comprarte

Nunca mais voltei ao seu posto do Rastro para comprar

Corazones de miga de pan, sombreritos de lata.

Corações de migalha de pão, chapeuzinhos de lata

Y ya nadie me escribe diciendo:

E já ninguém me escreve para me dizer:

No consigo olvidarte, ojalá que estuvieras conmigo en el Río de la Plata

Não consigo me esquecer de você, gostaria que estivesse aqui comigo no Rio de la Plata…

* Seleção e tradução livre María Beatriz Valdivia

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María Beatriz Valdívia

Professora de francês e português, trabalha com grupos de estudantes a partir dos 16 anos em cursos abertos à comunidade. Acredita que a atividade docente, a interação com os alunos e as amizades conquistadas ampliam horizontes e alimentam sonhos. Escreve sobre sua terra natal, a Argentina, assim como sobre tudo o que tenha a ver com desenho, pintura, viagens e literatura, temas que permitem conhecer e compreender outros jeitos de ser e viver, outros olhares.

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María Beatriz Valdivia

Professora de francês e português, trabalha com grupos de estudantes a partir dos 16 anos em cursos abertos à comunidade. Acredita que a atividade docente, a interação com os alunos e as amizades conquistadas ampliam horizontes e alimentam sonhos. Escreve sobre sua terra natal, a Argentina, assim como sobre tudo o que tenha a ver com desenho, pintura, viagens e literatura, temas que permitem conhecer e compreender outros jeitos de ser e viver, outros olhares.

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