Há certo tempo quero escrever este texto, porém, por ser uma temática complexa e passível de incompreensões, adiei até o momento que me pareceu adequado – este, por sinal.
Antes de tudo, deixe-me explicar uma coisa. Quando digo “concorrência”, estou me referindo às movimentações de ambas as crianças cuja finalidade é a obtenção de atenção, carinho e aceitação de seus pais. Ok? Vamos adiante!
Como se sabe, os destinos das pessoas são definidos por diversas variáveis, aqui tratarei basicamente dos resultados provenientes da relação entre a criança e seus pais. Suponhamos que um casal tem um filho de quatro anos. Durante todo esse período ele recebeu aplausos, abraços, beijos – e todas as mais diversas formas que os pais costumam utilizar para expressar afeto – a cada novo comportamento emitido.
Não precisava de muito. Um sorriso; uma gracinha; um pequeno acerto, tudo trazia como consequência um mar de carinho de seus pais. Agora, de repente, surgiu uma outra criança no lar, e, como em um passe de mágica, lhe deram uma nova intitulação: “o homenzinho da casa” (se esquecendo de dizer o que isso de fato significava).
Sem ter uma noção clara do que mudou, o garotinho continua se comportando da mesma forma, e adivinhe: As consequências não são mais as mesmas!
Ele fez a dancinha de sempre, e nada ocorreu. Contou as piadas de sempre, e continuou invisível. O irmão recém-chegado consegue tudo com tamanha facilidade, enquanto ele, por mais que se esforce, nada consegue. Enfim, pouco a pouco a nova circunstância vai deixando-o angustiado. Tal angústia faz com que ele continue tentando criar formas de trazer de volta a atenção que até então lhe pertencia, até que, em dado momento, se comporta da forma dita “inadequada”.
O garoto grita; joga um objeto no chão; agride alguém. Qual o resultado que ele obtém? Os pais lhe dão uma bronca, com o inocente intuito de fazer com que tais comportamentos não se repitam. Como o garoto percebe – de forma obviamente não muito clara? “Eis a única forma de obter ao menos uma gota da atenção de meus pais”.
Os comportamentos inadequados se acentuam, e sem perceber, somente nesses momentos os pais lhe dirigem o olhar; o toque; a palavra – mesmo que seja de forma hostil, é tudo que lhe restou. Resultado? Um indivíduo que aprendeu que o único modo de conseguir algo é seguindo um padrão agressivo de interação (afinal, o padrão utilizado em casa tende a ser generalizado para novos ambientes).
Toda família que gerar o segundo filho estará condenada a reviver o que acabo de escrever? Obviamente que não, porém, sendo uma situação que encontro com frequência, julguei relevante expô-la de forma mais clara.
A grande intenção desta coluna? Chamar a atenção dos pais para algo que, de repente, estejam fazendo sem perceber, além de, é claro, parabenizar aqueles que foram exitosos ao incorporar um novo membro à família!
Diego Caroli atende em São Bernardo do Campo e São Paulo. Para mais informações e agendamentos entre em contato pelo email: diego_caroli@hotmail.com
Imagem de capa: Blue Tree Photografy
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