Para que exista uma relação são necessárias duas pessoas. Agora, para que a relação seja saudável é preciso que essas pessoas entreguem muito mais de si do que apenas a sua presença física.
Abaixo, listo algumas reflexões sobre comportamentos que observei ao longo dos anos- na vida e na clínica- e que podem servir como sinal de alerta para relações que perderam sua a sua essência.A boa notícia é que o primeiro passo para qualquer mudança é identificar que existe um problema. Apenas quando sabemos que existe algo errado é que conseguimos buscar ajuda e mudanças.
Boa leitura!
Josie Conti
Para que exista uma relação deverá existir uma troca. Ela pode acontecer por amizade mútua, interesse romântico, parentesco ou até mesmo por uma proximidade física que leve a convivência. Entretanto, é bom lembrar que nem sempre os vínculos que mantém pessoas juntas são vínculos saudáveis. Logo, o primeiro mandamento determina que o vínculo que sustenta uma relação saudável seja afetivo, ou seja, que exista algum tipo de afeto verdadeiro entre as partes. Manter relações por objetivos terceiros como questões financeiras ou criação de filhos, por exemplo, não são alicerces firmes e podem desmoronar a qualquer momento.
Tendemos a ser condescendentes com as pessoas que gostamos e, ao fazê-lo, podemos ignorar, mascarar e até inventar desculpas para comportamentos grosseiros, depreciativos ou dominadores. É importante ter a clareza de que qualquer pessoa pode errar, mas a frequência de comportamentos que levem a constrangimento, intimidação ou que entristeçam qualquer uma das partes, é indicativo de que a relação pode não estar tão bem quanto você pensava.
Risadas são um grande termômetro de que a relação vai bem. Elas indicam leveza e descontração entre as partes. Se o clima está sempre tenso, é sinal de que algo está errado. Mais um alerta vermelho.
É básico em nossas relações mais íntimas que nós nos sintamos confortáveis para sermos quem realmente somos. Se nossa maneira de rir, falar, vestir ou mesmo de conversar com terceiros gera discussões frequentes, isso é um indicativo de que existe um desequilíbrio de poder na relação- um dos sintomas das relações tóxicas.
O item 2 já mencionou a violência psicológica, mas é importante deixar clara a sua representação dentro dos relacionamentos, pois ela acontece por longos períodos de tempo e, por isso, mina a autoestima. Logo, a pessoa que é vítima dela sofre de maneira progressiva e continua. Esse item retoma o assunto para ressaltar que a violência física é inaceitável, mas é a violência psicológica a que mais destrói, pois é menos aparente e muito subvalorizada dentro da relação. Se você percebe que ela acontece, esteja alerta.
Quando uma pessoa não quer dois não fazem, certo? Nem sempre. O problema do desrespeito aos limites das partes é que isso gera um desrespeito aos valores pessoais de quem se sente invadido. O alerta deve acontecer quando você percebe que se sujeitar ao que o outro quis gerou um sofrimento com relação as suas crenças primárias e que são o norte das coisas em que você acredita. Se o que está acontecendo, de alguma forma, te ofende. É hora de realmente parar.
É só encontrar a outra pessoa e as partes começam a se alfinetar e a se desentender. Não existe interesse em flexibilidade, pois cultivar o equilíbrio entre os gostos e vontades das partes deixou de ser relevante. Quando isso acontece, a coexistência torna-se dolorosa. Parece que a relação é mantida por um braço de ferro constante e isso é sinal de que é hora de mudar. O oposto disso, mas não menos relevante, acontece quando a presença da outra parte passa a ser irrelevante.
Demonstrar vulnerabilidade é um dos grandes sinais de que você confia na outra parte e se sente protegido (a) e seguro (a) perto dela. Se existe uma necessidade constante de autoafimação isso é um indicativo de que a entrega não é genuína e pode ser um sinal de alerta.
Quando nos relacionamos esperamos que a outra parte tenha simpatia por nossos sentimentos. Não é necessário que as partes concordem com tudo (isso seria impossível), mas demonstrar empatia com o ponto de vista e sentimento do outro mostra maturidade emocional e respeito: principais ingredientes das relações saudáveis.
Um ciclo vicioso de términos e voltas pode indicar uma relação adoecida. É preciso analisar se o que mantém esse círculo é realmente afeto ou se são sentimentos como carência, dependência afetiva ou mesmo uma retroalimentação de uma relação abusiva.
Se você se identificou com alguns dos itens mencionados acima, lembre-se de que você sempre pode procurar e aceitar ajuda. Converse com pessoas da sua confiança ou busque orientação psicológica. Também não se esqueça de que não é vergonha estar em sofrimento. Nesse momento muitas outras pessoas estão passando por isso. O importante é saber que é possível mudar.
Imagem de capa: klublu/shutterstock
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