Imagem de capa: tuthelens/shutterstock
A agenda está lotada de contatos, as redes sociais abarrotadas de convites para eventos e você mais sociável que um promoter, mas por dentro, sua alma está vazia e solitária.
Embora pareça contraditória, essa é a realidade de muitas pessoas que possuem uma grande dificuldade social: estabelecer um relacionamento duradouro e verdadeiro.
Eu poderia começar esse texto, com uma lista de perguntas que fizesse você refletir sobre os tipos de relacionamentos que tem atraído para sua vida, mas restrinjo-me a uma única: por que você se sujeita a relações que não tem nada a ver com você?
Contatinhos daqui, contatinhos dali e os vazios existenciais aumentam à medida que a lista de nomes para baladas cresce. É tanto joguinho de conquista e tanto charminho para chamar a atenção que as pessoas não conseguem mais manter um relacionamento por mais de dois anos, já que acreditam ser mais fácil conhecer superficialmente alguém do que conviver com seus defeitos e com a rotina do relacionamento.
Relacionamentos superficiais não exigem dividir problemas, não permitem risadas assistindo Netflix, nem diálogos no final do dia e, por isso mesmo, andam na contramão a qualquer relacionamento genuíno.
Amar exige respeito, criatividade e fidelidade. Significa dividir a alma, discutir por coisas pequenas, estar pronto a arriscar, correr o risco de sofrer, e é isso que faz as pessoas temerem tanto o sentimento.
Relacionamentos superficiais são reflexos da cultura do desapego: “pegue e não se apegue”. A troca de parceiro é mais rápida que a troca de roupa. Funciona assim: queremos um amor que satisfaça nossas carências, mas por um período que dure menos que os dias da semana.
Esse tipo de relação lembra Tolstói quando comentava sobre essa superficialidade afetiva: “aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou, sabe mais de mulheres do que aquele que conheceu mil.”
Não é à toa as livrarias estão cheias de manuais de sedução e os aplicativos de relacionamentos com usuários fiéis. As pessoas se perderam na própria solidão e buscam, a todo custo, alguém para preencher o espaço que elas não conseguem sozinhas. Além de acreditarem que, basta ter interesses em comum e uma aparência agradável, que o “felizes para sempre” está garantido.
É preciso entender que um verdadeiro amor não precisa de aplicativos, manuais de instruções ou baladas constantes para acontecer. Nossos avós já nos ensinavam: quando está escrito para acontecer, até na fila da padaria, acontece.
Entenda de uma vez por todas: você não nasceu para ser contatinho de ninguém! Seus valores não estão à venda na feira e seu corpo não está à mercê da escolha alheia. Você é formado de alma, princípios, história e, estar em uma lista de contatinhos, é aceitar muito menos do que você merece.
Falem o que quiserem, mudem os sentimentos conforme as próprias conveniências, mas o amor nunca sofrerá alterações. O sentimento é imutável, soberano, forte. Como dizia Mário Quintana: “espalhe que o amor não é banal. E que, embora estejam distorcendo o sentido verdadeiro dele nos tempos modernos de hoje, ele existe.”
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