Todos nós temos ouvido falar dos “terríveis dois anos”. Muitos pais com bebês pequenos se perguntam como irão agir quando seu bebê chegar ao segundo aniversário, e principalmente depois, quando chegar ao, infelizmente difamado, “terríveis dois”. Mas a boa notícia é que os pequenos dessa faixa etária estão trabalhando para alcançar alguns marcos importantes no seu desenvolvimento. Se pudermos compreendê-los e facilitar para eles, poderemos ajudar a estabelecer as bases para uma infância feliz e para adultos autoconfiantes.
Acredite ou não, uma das habilidades mais importantes em que uma criança de dois anos está trabalhando é a capacidade de dizer “não”! Até este momento, ela tinha sido quase totalmente dependente de sua mãe, ou de outros adultos que cuidavam dela. Então, de repente, ela descobriu que é separada da mãe. Ela percebe que pode realmente afirmar-se e ter uma vontade própria, e seu cronograma de desenvolvimento a empurra incansavelmente nessa direção.
Por isso, é muito importante para a criança que está dominando esta lição ter permissão para dizer “não”. Saber que ela pode dizer “não” se um estranho quiser fazer algo para ela que não a faz se sentir bem, é capacitar e protegê-la de um possível abuso sexual. Isso também irá ajudá-la a se tornar uma pessoa assertiva positivamente quando adulta.
Porém, muitas vezes a criança tem um monte de sentimentos confusos sobre sua nova capacidade de se afirmar. Parte dela quer se tornar independente e tomar suas próprias decisões, enquanto outra parte ainda quer ser dependente da mamãe e não quer desagradá-la de maneira nenhuma.
Se entendermos que as crianças pequenas são basicamente pequenos seres sociais que querem agradar seus pais, adquirimos uma boa base a partir da qual começar. Os problemas surgem quando há um choque entre o que agrada aos pais, e as tarefas de desenvolvimento nas quais a criança está trabalhando. Então ajuda muito entender como o cérebro da criança está funcionando neste momento, pois assim podemos ter uma ideia do quanto ela pode entender do que dizemos ou fazemos.
Com os bebês, o mais importante é atender suas necessidades básicas – como ser carregado, embalado, alimentado e amado, e o brincar de uma forma física. Isso ocorre porque as partes do cérebro do “sentimento” e do “pensar” ainda não estão totalmente desenvolvidas. No momento em que a criança tem dois anos de idade, a parte do cérebro do sentimento (o cérebro médio) já está mais desenvolvida, e a criança é literalmente inundada de sentimentos e emoções – de fato, durante este período, ela “é” seus sentimentos.
Crianças pequenas são diferentes de crianças mais velhas e de adultos. Nos adultos, a parte superior do nosso cérebro está totalmente desenvolvida, de modo que podemos “pensar” sobre nossos sentimentos e, se necessário, colocá-los de lado e expressá-los mais tarde. Aos dois anos de idade, a criança não pode fazer isso ainda – tudo o que elas podem fazer é expressar os sentimentos como eles ocorrem. Quando estão felizes, elas vão rir espontaneamente, quando estão tristes elas vão chorar, e quando elas estão frustradas ou chateadas, irão ter ataques de fúria. Estes comportamentos são todos saudáveis para crianças, incluindo, acredite ou não, as birras. O que precisamos fazer é criar um espaço seguro em que
A primeira indicação que os pais podem obter de que a criança chegou a esta fase, é quando ela diz “não” a quase tudo, e fica chateada se você diz “não” a qualquer coisa! Se seus ‘nãos’ não são permitidos, ou se ela recebe um monte de ‘nãos’ de você, ela pode começar a chorar. Essa situação pode facilmente transformar-se em uma batalha entre pai e filho, e pode acabar em um acesso de raiva explosivo. Isso pode levar os pais ao limite se eles não compreenderem o que está acontecendo. Eles podem não querer ser excessivamente rigorosos, mas temem estar sendo permissivos e acabarem criando uma criança irresponsável.
O que temos de ser capazes de fazer é limitar o “comportamento” quando necessário, mas sempre permitir e aceitar os “sentimentos”.
Porque seu filho necessita dessa permissão para dizer “não” e de ter seus sentimentos aceitos, é importante deixar que isso ocorra tão frequentemente quanto possível – em outras palavras, escolha suas batalhas, e guarde os “nãos” apenas para questões muito importantes. Além disso, existem muitas áreas da vida em que somos mais experientes e mais sábios, e temos que dizer não por razões práticas ou de segurança. Nesses momentos, ajuda a entender o que acontecerá em seguida: provavelmente ele vai ficar aborrecido e começar a chorar. Isso é um comportamento normal para uma criança diante de uma grande decepção. Ele não cresceu o suficiente para entender porque ele não pode correr para a estrada, ou comer o pacote de doces no supermercado, ou brincar com objetos perigosos. Ele só sente como é receber um “não” por algo que realmente quer fazer.
Como o cérebro “pensante” do seu filho ainda não está desenvolvido, não adianta dialogar com ele neste momento. Na verdade, ele provavelmente irá ficar frenético se você tentar, porque ele não vai se sentir ouvido ou compreendido. Quando temos que dizer “não”, e cumpri-lo, o que a criança mais precisa é que nós possamos ajudá-la a processar seus sentimentos de decepção e frustração, que inevitavelmente resultarão. Isso pode se transformar em uma experiência de crescimento para o pai e para a criança.
A primeira coisa que precisamos nessa situação é ter empatia. Se pudermos pensar em como nos sentiríamos se quiséssemos muito fazer algo mas alguém nos disse ‘não’, então estamos no nível dela e podemos ajudá-la com seus sentimentos. Se a criança chora ou faz uma birra, nos ajuda entender que esta é a válvula de segurança que seu corpo possui para descarregar seus sentimentos de frustração, e que é importante deixá-la fazer isso. Mais tarde, quando seu cérebro estiver mais desenvolvido, ela será capaz de controlar seus sentimentos e escolher quando e como expressá-los. Mas ela não pode fazer isso ainda. Sendo assim, a criança pode acabar dividida entre a necessidade de seu corpo descarregar os sentimentos frustrados e seu medo de fazer a mamãe ficar com raiva se ela expressá-los. Ela também pode sentir-se sobrecarregada pela força de seus próprios sentimentos, e precisar de alguma contenção para ajudá-la a se sentir segura.
Existem algumas regras básicas que podemos utilizar para ajudar e apoiar uma criança chorando ou fazendo birra. Precisamos permitir que a criança expresse dor, raivas e outros sentimentos, e não temos que reprimi-los (o que pode levar a tensão do corpo e doenças relacionadas ao estresse mais tarde). Mas ela também precisa aprender que não pode machucar outras pessoas no processo. Não devemos permitir que uma criança, num ataque de birra, puxe nosso cabelo, nos morda, bata ou chute. Às vezes, a criança precisa ser fisicamente contida, mas ao mesmo tempo ela precisa ter liberdade de movimento. Portanto, se precisamos segurar a criança, é melhor segurá-la com firmeza ao redor do tronco, com as costas contra o nosso corpo, para que ela possa se agitar e chorar, mas não nos ferir. Se a criança estiver no chão, tudo o que precisamos fazer é ter certeza de que não existem superfícies duras ou outros objetos que possam feri-la nas proximidades.
Quando estabelecemos limites de maneira firme e saudável, as crianças aprendem que estão seguras. Quando nós respeitamos seus limites e somos compassivos para com os seus sentimentos, elas crescem aprendendo a ter respeito e compaixão pelos outros.
Porque ela está totalmente dominada por seu conflito interior, a primeira coisa que uma criança frustrada precisa, é a liberdade de chorar ou expressar quaisquer emoções que ela esteja sentindo. Até que isso aconteça, ela não será capaz de ouvir qualquer coisa que possamos querer comunicar a ela. Nós podemos ajudar, ficando nas proximidades ou, ocasionalmente, dizendo suavemente palavras simples como “está tudo bem, está tudo bem”, “já vai passar” para tranquiliza-la. Tudo o que ela precisa de nós é a presença amorosa.
Quando o choro começar a diminuir, ela provavelmente terá alcançado algum nível de resolução. Então, podemos validar seus sentimentos para que ela saiba que nós entendemos como ela se sente, que na verdade é o que ela está desesperadamente tentando fazer. Podemos dizer algo como: “Sei que você está se sentindo chateada. Você queria o pacote de doces, e mamãe disse ‘não’ “. É melhor não tentar dar uma explicação sobre “porquês” neste momento, uma vez que só confunde a criança. Seu cérebro não está preparado para raciocinar ainda. Isso virá mais tarde. É suficiente simplesmente afirmar (às vezes mais de uma vez) o que aconteceu. O importante é o fato de que nós a entendemos de uma forma simpática e a sensação que isto traz à criança.
Muitas vezes, a criança ficará muito aliviada que você compreende o que ela está sentindo. Depois que ela deu um grito alto e colocou todos os “maus” sentimentos para fora, ela pode querer vir te abraçar ou pedir colo pra se sentir segura. Ela vai chorar apenas o quanto seu corpo precisa e, em seguida, ela vai parar. Às vezes o tamanho da birra também parece estar totalmente fora de proporção com o que acaba de acontecer. Isso pode ser porque ela teve um dia frustrante, foi agredida por outra criança, está cansada, ou um número de fatores que podem causar acúmulo de tensão. Nem sempre é necessário que você entenda o que estes motivos são para que possa ajudá-la a resolvê-los. É suficiente dar a ela um espaço seguro para demonstrar seus sentimentos, e para que ela saiba que você reconhece como está se sentindo, e que está do seu lado.
Nessa idade, as crianças estão aprendendo com cada experiência que passam. Precisamos ter certeza de que o que eles estão aprendendo é o que queremos ensiná-los! Isto é onde a questão da consistência VS negociação aparece. Às vezes, uma criança vai continuar pedindo e implorando por algo, mesmo quando a mãe disse que “não” de maneira firme e suave várias vezes. Finalmente, a criança poderá começar a gritar e ter um acesso de birra. Se a mãe estiver cansada ou ocupada, para instaurar a paz, ela pode acabar cedendo por desespero no último momento. Mas como consequência ela poderá se sentir ressentida e manipulada, e a criança ficará confusa.
O que nós queremos que ela aprenda é que “Na vida temos algumas decepções, e que eu não posso ter sempre tudo o que eu quero. Mas quando eu estou chateada, minha mãe sabe como eu me sinto e me ajuda a lidar com a minha frustração. Mamãe me ama mesmo quando eu estou com raiva ou triste, e ela está do meu lado.” Saber que somos amados e aceitos em todos os momentos nos faz sentir seguros e protegidos no mundo.
Podemos ajudar as crianças a aprenderem que podem dizer “não”. Esta é uma boa maneira de prepará-los para serem assertivos como adultos, e serem vencedores na vida.
Podemos ajudar as crianças a aprenderem que a vida às vezes pode ser frustrante e nem sempre podemos ter o que queremos, mas podemos ter a expectativa de que nossos sentimentos serão ouvidos e respeitados. Isso estabelece a base para um bom relacionamento com outras pessoas.
Nós podemos ajudar as crianças a aprender que é certo expressar seus sentimentos (mesmo os chamados negativos) em vez de reprimi-los como tensão. Podemos ensinar-lhes isto, permitindo-lhes expressar a sua mágoa e sentimentos de raiva em um lugar seguro, enquanto recebe nosso amor e apoio.
Escrito por Pat Törngren © 2012. Fonte indicada: Pedagogia Waldorf
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