Marcel Camargo

Cuidado com o que tolera: você está ensinando como as pessoas devem tratá-lo

Se formos nos incomodar com tudo o que nos desagrada, passaremos os dias chateados e emburrados. Dificilmente conseguiremos atravessar um dia que seja sem ouvir algo desagradável, sem encontrar alguém deseducado, sem nos frustrarmos com algo que não dá certo, com alguém que não age como esperávamos.

Por essa razão, é preciso filtrar com sabedoria o que nos chega, para que não fique em nós aquilo que não faz bem. Ignorar nos salvará em muitos momentos, uma vez que será inútil tentar argumentar com quem não sabe ouvir. Algumas pessoas não mudam, nunca mudarão, por mais que alertemos, conversemos, aconselhemos. E algumas coisas simplesmente não ocorrerão do jeito que quisermos, pois a vida é imprevisível.

Ainda assim, não poderemos ser condescendentes com tudo e com todos, passivamente, ou o mundo nos engole. Teremos, muitas vezes, que impor limites, dizer o que sentimos, mostrar contrariedade, negar, contrariar, esbravejar. Isso porque tem gente que não está nem aí com o sentimento do outro e tentará fazer valer o que quiser onde e com quem estiver. Caberá a nós, portanto, deixarmos claro o nosso grau de tolerância.

É claro que, em determinados momentos, teremos que entender o outro, suas dores, suas razões, pois ele poderá estar passando por tempestades que lhe desequilibram a sensibilidade. Da mesma forma, será necessário refletirmos sobre o que fizemos, como agimos, para que consigamos perceber se nós mesmos não provocamos aquilo tudo. Caso o que nos chegar de ruim não tiver sido causado por nós, caberá o nosso limite urgente.

Não deixe que as pessoas descontem em você os problemas que não se relacionam a nada de sua vida. Não aceite ser tratado com agressividade, gritaria e xingamentos gratuitos. Já temos tempestades demais sobre nossas cabeças, não precisamos dos raios alheios em nossas vidas. Tolerar demais, afinal, faz a gente ser alvo fácil de quem passa o dia procurando alguém para azucrinar. Não seja esse alvo.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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