A história da enfermeira Amanda provavelmente é parecida com a de muitos profissionais de saúde que têm atuado na linha de frente no combate à pandemia de COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus. Esses corajosos guerreiros se ae expõe ao risco todos os dias para salvar vidas, mas não se sentem protegidos ou valorizados tanto quanto deveriam.
Amanda conta que trabalha em um hospital privado em São Paulo, mas teve que ir para casa e ficar em Isolamento completo, longe da família, quando os sintomas da doença começaram a aparecer. Segundo ela, seu paciente tinha tosse, desconforto respiratório e febre e estava sem máscara de proteção porque ainda não tinha sido identificado como um paciente suspeito de covid-19.
Ela própria também estava sem máscara, porque havia sido orientada pela instituição em que trabalha a não usar o material de proteção “para não assustar os pacientes”.
“Depois disso, pensei: ‘Vou voltar para casa? Tenho uma filhinha pequena. […]Mas disseram que eu poderia continuar trabalhando.” , relata a enfermeira, que foi afastada uma semana depois.
Patrícia, enfermeira do mesmo hospital em que Patricia trabalha, também está em casa. Assim como a colega, ela também estava sem máscara alguma fazendo as notificações dos casos suspeitos de coronavírus e também teve que ficar em isolamento após manifestar sintomas de COVID-19.
Patricia revela sua indignação por ter provavelmente contraído o vírus “sem ter tido a chance de prevenção”. Ela também destaca que um profissional de saúde que fica afastado atrapalha todo o serviço de saúde, porque deixa de atender muitas pessoas e porque outros profissionais que estiveram em contato com ele também têm de se afastar.
“Eu não fico indignada por estar doente, fico mais indignada por não poder estar trabalhando e ajudando outras pessoas”, afirma.
Outra profissional que faz seu desabafo é Débora, também enfermeira, casada, mãe de uma filha pequena e responsável por uma mãe idosa. “Temos uma vida, uma família, não estamos ali como robôs para cuidar das pessoas.”
Seu isolamento da família se deu a porque ela teve contato com pacientes com suspeita de coronavírus durante o processo de triagem, quando ela usava máscara cirúrgica.
“Estamos ali para cuidar dos outros, mas ninguém está cuidando de nós.” Ela confidencia que a falta de equipamentos de proteção “é triste e revoltante, mas o sentimento de desvalorização é maior”. “É como se você fosse só um número ali.”
No Brasil, há aproximadamente 2,2 milhões de profissionais de enfermagem, entre técnicos, auxiliares, enfermeiros e obstetrizes, de acordo com dados do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem). A grande maioria é de mulheres.
Não é só no Brasil que profissionais da saúde são expostos ao risco devido à escassez de materiais de proteção no combate ao coronavírus. Profissionais da China, da Europa e dos Estados Unidos sofrem do mesmo problema.
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Redação CONTI outra. Com informações de G1
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