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“Contato é todo tipo de relação viva que se dê na fronteira, na interação entre o organismo e o ambiente, é um processo contínuo de reciprocidade em que homem e mundo se transformam. O contato acontece no diferente, é o reconhecimento do outro, o lidar com o outro, o que eu sou, o diferente, o novo, o estranho. O contato acontece na fronteira eu-outro, conhecido-desconhecido, velho-novo, todo contato é dinâmico e criativo.”
Perls, Hefferline e Goodman, no livro “Gestalt-terapia”, 1997.
Para a Gestalt-terapia, o contato é a maneira mais autêntica e criativa de transformação do homem. Os anos de estudo e vivência me ensinaram que contato tem muito mais a ver com permanência do que com brevidade. Também aprendi que permanecer, em tempos de relacionamentos líquidos, é uma arte que nem todos dominam.
Em tempos de quantidade e muitas escolhas, onde tudo se faz tão efêmero, permanecer pode ser a mais autêntica prova de celebração do encontro, de honrar o que é diferente, novo, e tudo aquilo que nos incomoda ou fascina no outro.
Aprender a permanecer tem sido, para mim, um grande aprendizado e um ato de coragem. É dar ao outro o benefício da dúvida, mesmo sabendo que as dúvidas me desestabilizam, tornam-me vulnerável, apesar de me engrandecerem. Duvidar nos transforma, enquanto as certezas nos engessam. Paralisados, tentamos manter o controle e garantias de que não sofreremos grandes danos – esse controle, por si só, já é sofrimento. Então, quando você tiver apenas certezas, vá embora.
Permanecer é aprender sobre ser paciente e observar. Ficar, enquanto as dúvidas assolam os corações medrosos. Sim, ficar dá medo. Mudanças dão medo. E, se na dinâmica do encontro, temos poucas certezas, a única garantia que temos é a de que entrar em contato com o outro significa mudança.
Mas permanecer é também uma escolha que nos convida ao crescimento e nos aufere autonomia. É confiar que temos a capacidade de distinguir o que é saudável do que nos faz mal; que teremos a coragem de partir, se ou quando necessário; que teremos a capacidade de superar as possíveis dores e de sobreviver às consequências de nossas escolhas. É saber que ficar não é uma escolha permanente. E, enfim, entender que as cercas que criamos para nos proteger não mantêm os outros para fora, mas nos aprisionam dentro de nossa mesmice e pequenez.
É importante lembrar que permanecer não é uma desculpa para viver de pequenas doses ou de metades, pois o ato de permanecer deve ser usado com prudência e amorosidade. Os gestaltistas alertam: o contato só se dá na fronteira. Ou seja, ele não é unilateral. É fundamental que exista reciprocidade, ainda que o desequilíbrio na troca seja saudável. Portanto, permanecer é suportar, mas não é suportar tudo desmedidamente.
E, se essa matemática tão ilógica, que nos faz escolher ficar ou partir, ainda é um mistério, uma coisa é certa: permanecer é uma escolha pessoal e solitária. Devemos escolher sozinhos, da nossa maneira, com o que podemos, sem garantias nem certezas. Devemos escolher ficar ou partir pelo nosso próprio bem e não pelo bem do outro. E entender que o outro também tem essa liberdade de escolha solitária. Portanto, é inútil tentar dosar igualmente ou tornar lógica essa fórmula.
E, mesmo que haja tantos riscos e incertezas, se queremos mudar e evoluir, eventualmente precisamos desenvolver coragem e paciência para ficar. Ficar é aprender a enxergar, no outro, uma escola, entendendo que os riscos não podem ser calculados e, mesmo assim, valem a pena serem vividos. E se (ou quando) eu sofrer, é bom me lembrar do que me fez ficar, que vem do melhor de mim, daquilo que me torna mais autêntica e, portanto, melhor para o outro e para o mundo.
Na liquidez que escorre entre os dedos e os medos daqueles que escolhem partir, a grandeza dos relacionamentos transborda nos corações de quem tem gana e coragem, dos que fazem questão, que celebram os encontros e desencontros, que se colocam disponíveis, entram em contato e, apesar de tudo, por causa de tudo, permanecem.
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