A golpista russa Anna Sorokin, de 30 anos, é conhecida também como “a falsa herdeira”. Em 2019, ela recebeu uma sentença de 4 a 12 anos de prisão estadual, multada em US$ 24.000 e condenada a pagar uma restituição de cerca de US$ 199.000. A condenação se deu pelos crimes de tentativa de roubo qualificado, roubo de serviços e furto de propriedade por fraudar hotéis de Nova York e conhecidos ricos.
Antes de ser presa, ela se passava por uma socialite de Nova York, sob a identidade falsa de Anna Delvey. A golpista levava uma vida de celebridade. Morava em hotéis cinco estrelas, usava roupas de estilistas de alta costura, frequentava festas exclusivas, viajava em aviões particulares e oferecia gorjetas generosas. Com os golpes, acumulou mais de US$ 270 mil (R$ 1,5 milhão).
Depois de sair da prisão, em liberdade condicional, Sorokin diz que está tentando tirar o máximo proveito da fraude que cometeu.
Anna Vadimovna Sorokina nasceu em Domodedovo, uma cidade satélite da classe trabalhadora a sudeste de Moscou. Em 2007, se mudou com a família para a Alemanha. Depois disso, morou em Londres e em Paris, antes de fixar residência em Nova York em 2013. Foi por essa época que ela assumiu a identidade de Anna Delvey.
À época com vinte e poucos anos, Sorokin mentia às pessoas que tinha uma reserva de US$ 60 milhões (R$ 344 milhões) e um projeto ambicioso para criar uma fundação relacionada à arte. Com a ostentação que promovia em suas redes socias, a jovem fazia muita gente acreditar em suas fantasias e pagar as suas contas. Através de documentos falsos, ela chegou a convencer um banco a lhe conceder um cheque especial de US$ 100 mil (R$ 574 mil), que a polícia barrou a tempo.
“A promotoria deturpou totalmente meus motivos (durante o julgamento). Disseram que eu estava desfilando por Nova York, me fazendo passar por herdeira. O que aconteceu foi estritamente entre as instituições financeiras e eu. Me retrataram como um falso membro da alta sociedade e uma fã de festas. Esse nunca foi meu objetivo. […] Me retrataram como uma pessoa muito manipuladora, mas não acho que seja o caso. Nunca tentei convencer ninguém de nada. Eu apenas disse às pessoas o que eu queria e elas me deram. Eu simplesmente segui meu caminho”, disse Anna Sorokin em uma entrevista recente ao programa Newsnight, da BBC.
A história de seus golpes viralizou em 2018, despertando o interesse instantâneo dos produtores de televisão. Após ganhar liberdade condicional no dia 11 de fevereiro, ela diz que até contratou um cineasta para assumir o controle da narrativa que será criada em torno dela.
A Netflix pagou a Sorokin a quantia de US$ 320 mil (R$ 1,8 milhão) pelos direitos de criar uma série sobre a história dela.
“Nunca pedi para que a Netflix comprasse os direitos, simplesmente aconteceu”, disse ela durante a entrevista para a BBC.
Anna não pôde ficar com todo o dinheiro pago pela Netflix devido a uma lei de Nova York que impede que os condenados lucrem com sua fama relacionada ao crime. Sua conta foi congelada e cerca de US$ 170 mil (R$ 976 mil) foram usados para ressarcir vítimas, quitar dívidas e pendências com os bancos.
Sorokin diz não considerar honroso ser uma vigarista condenada — nas redes sociais, no entanto, sabe usar muito bem essa reputação. No início desta semana, ela tuitou a imagem de uma pilha de livros sobre o tema dinheiro e trapaça.
Durante a entrevista para a BBC, Anna Sorokin foi questionada se o crime compensa, no que ela respondeu: “De certa forma, sim”.
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Redação Conti Outra, com informações de Terra.
Fotos: Getty / BBC News Brasil.
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