A vida tem me ensinado sobre a fragilidade das situações idealizadas, sobre a vulnerabilidade da crença um tanto racional que muitas vezes temos de que podemos moldar os destinos, planejar cada detalhe, organizar perfeitamente, manipular os nossos passos e ter tudo sob controle.
A vida tem me mostrado sua dança própria, suas mudanças repentinas, suas curvas inesperadas no nosso horizonte já traçado.
Por mais cuidadosos e perfeccionistas que sejamos, por mais conhecedores dos caminhos, sabedores do nosso íntimo e das nossas prioridades, a vida acontece mesmo é no passo, é no presente, é no seu tempo e ritmo. A força da natureza não para pra olhar as páginas cheias das nossas agendas e as datas importantes dos nossos calendários.
Às vezes chove forte dez minutos depois de termos estendido as roupas no varal embaixo de um sol forte e de um céu aberto… quem esperaria…
Depende da gente lamentar ou sorrir, achar graça ou desgraça.
Às vezes a gente pensa que fechou definitivamente uma porta e os ventos do destino escancaram as nossas janelas naquela mesma paisagem, bem no auge da nossa desproteção.
Depende da gente aceitar e celebrar as surpresas ou virar as costas para o que nos tira o chão.
Acontece da gente encontrar o que procurávamos: o emprego certo, o amante ideal, a moradia que sonhávamos… mas aí, quantas vezes a gente chega nos nossos sonhos e já somos outra pessoa, bastante diferente.
A vida é volátil, balança a gente. No meio do caminho conhecido sempre pode surgir uma curva impremeditada. E eu ando acreditando em confiar mais e manipular menos. Em deixar que os ventos me levem, em aceitar as venturas do dia. Em tentar ver o bright side, o lado luminoso, em tudo que se apresenta, em todo inesperado que nasce.
Eu deixo prosperar os pés de tomates selvagens que brotaram no meu caprichoso canteiro de rosas. Porque nem sempre o melhor a fazer é arrancar o que nasceu com tanta força e exuberância em prol do plano bonitinho previamente estabelecido.
Eu assisto pela janela as roupas encharcadas e dançantes no varal desses verões que chacoalham tudo. E eu me deixo encharcar e chacoalhar alegremente junto com elas.
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