Imagem de capa: Antonio Guillem, Shutterstock
A vida anda tão corrida e num ritmo frenético de 140 caracteres que tudo tem que ser rápido, objetivo e sucinto. Nada mais tem seu próprio tempo e momento, as coisas são apressadas e aceleradas o máximo possível.
Parece que temos medo do silêncio, das pausas, da reflexão. Não queremos esperar por mais nada e tudo tem que ser na hora e quando queremos, se possível, antes ainda.
Nosso dia parece ter menos horas em comparação a quantidade de coisas que temos que fazer. Estamos vivendo no looping, no piloto-automático, estamos igual a um avestruz com a cabeça enfiada debaixo da terra e não estamos nos dando conta nem de quem está ao nosso lado.
Não estamos presentes, não estamos acordados para o que está acontecendo ao nosso redor. Estamos cada vez mais autocentrados e focados apenas no que nos interessa, naquilo que queremos, e como iremos conseguir. Temos planejamento para os próximos cinco anos, metas, sonhos e nada vai nos parar até chegarmos lá, até o topo, até o cume do sucesso que tanto ansiamos.
Estamos tratando os outros como peças de xadrez, como instrumentos para um fim, como algo descartável. Não podemos tratar as pessoas dessa forma, como seres substituíveis, como algo para abrirmos mão quando não for mais necessário ou útil pra gente.
Temos toda essa tecnologia ao nosso favor para facilitar o nosso dia a dia, nosso processo de trabalho ou para encurtar as distâncias com quem a gente ama, mas parece que ao invés de termos mais tempo para vida real e o que realmente importa, temos cada vez menos disponibilidade para o outro, para a sua rotina, para sua vida.
A cultura do faça mais com menos, onde tudo tem que caber nos caracteres do Twitter ou nas 24 horas do snapchat.
Tudo é efêmero e instantâneo, parece que estamos em uma esteira aonde não podemos parar ou diminuir a velocidade ao longo do caminho.
Estamos presos a um status quo, ao que está preestabelecido e não vemos uma maneira possível de desacelerar sem ficar pra trás, sem ser sugado pelo olho do furacão.
Não acho que o problema seja a falta de tempo, o quão ocupado ou sobrecarregados estamos. De uma forma ou de outra, estamos todos no mesmo barco, naufragando em obrigações, reuniões e contas pra pagar. Acho que a disponibilidade tem muito mais a ver com o que é prioridade pra gente do que a nossa eterna correria e falta de tempo.
Quando alguém é importante, quando adoramos determinado programa ou ver os amigos está no top 5 da nossa lista de prioridades, a gente arruma tempo sim, sem ‘mas’, sem exceções ou desculpas. Tem coisas na vida que são complicadas e difíceis de entender, mas isso é bem simples.
Quando a gente quer tá junto, quando a gente quer tá o mais perto possível na vida do outro, participar ativamente da vida de alguém, a gente comparece, a gente tá ali, sempre ao alcance de um abraço, de um telefonema, nem que seja de um áudio do WhatsApp e pronto.