Deixe ir para longe aquele pensamento que embota, aquela ideia fixa que faz surtar, aquele sonho de consumo que destrói o orçamento, aquela comida que só preenche a carência, aquele sentimento que empurra para o buraco.
Deixe ir na direção contrária a palavra atravessada que tentou roubar o bom humor, o voto de confiança que se abalou, as ideologias que caducaram, as certezas que não se revelaram, o amor que não germinou.
Deixe ir sempre desejando o bem, o melhor possível. Deixe ir sem despedidas, sem promessas, sem sucessivas tentativas.
As melhores decisões da vida quase sempre são decisões de deixar ir, porque são as que exigem muito desapego, mas que trazem um alívio gigante depois de tomadas.
As decisões de deixar ficar são mais mansas, mais naturais, espontâneas e, quase sempre, tomadas em par, em consenso.
Deixar ir é passar por cima de algumas construções, investimentos, esperanças. Mas também é garantir libertação, independência. É concluir, finalizar, romper para se recompor.
Deixe-a ir, deixe-o ir. Se não há razão para ficar, que não se demore a solução.
Deseje o bem, queira o bem, ainda que tenha sentido o gosto do mal. Só dessa forma é possível ficar e recomeçar.