Reza a lenda que os melhores amores são tranquilos e talvez sejam. Mas não confunda a tranquilidade de um amor com o comodismo que ele pode desenvolver. O amor precisa ser desafiado a crescer. Do contrário, é só mais um chove no molhado.
Amores mornos não combinam comigo. São preguiçosos, sem paciência e estão sempre reafirmando o discurso do “eu sou assim e não vou mudar”. Ah, não vai? Tudo bem. Segue o baile, certo? E sigo com convicção porque não preciso lidar com quem nunca sente vontade de transformar o amor em algo mais. Só dizer que ama não é o suficiente. Quem quer ficar junto, constrói diariamente os detalhes desse amor.
Amores mornos são cansativos. Não quero fogos de artifício a cada encontro, mas também não pode existir o marasmo do tanto faz. É bom ter assunto, parceria e planos para realizar. O algo mais do amor está no equilíbrio que cada um deposita. Quando a sintonia é só uma coincidência para uma das partes, nenhum beijo pode reacender o querer.
Amores mornos não são possíveis. Eles acontecem com prazo de validade e eu não estou com emocional sobrando para embarcar numa história mais ou menos. Não preciso mendigar amor, conquistei o próprio antes de qualquer um chegar. E se tiver de continuar em solidão, ótimo. Ninguém deve parar de viver por isso.
Dispenso amores mornos, mas não sou contra o amor. O que acontece é que gosto da tranquilidade de estar com alguém que vista reciprocidade sem deixar a vontade de lado. O amor merece uma pitada de cada para se manter firme. Do contrário, você entendeu a ideia.
Imagem de capa: O Sol por Testemunha (1960) – Dir. René Clément
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