As dores da alma quando transitam pela alma causam um enorme estardalhaço nos afetos. Estes, carentes de ternura, de tino, de zelo; aquelas, se não curadas, estarão subjugadas à irreverência do desamor.
As dores da alma são as mais doloridas: há uma que machuca, porque machucada, inconsciente maltrata a outra, sentida, inibida por aquela, solitária, despercebida; há outra que, escolhida pelos dias úteis da semana para ser esquecida, se alegra com as carícias de amor. Mas, em contrapartida, é jogada num canto nos finais de semana, feriados e dias santos.
As dores da alma deveriam ser massageadas pelo afeto emocionado, pela ternura comovida e pelo abraço apertado, prolongado, amassagado. Com a (a)doação de palavras, com a sinceridade do amor e com o estímulo à esperança, as dores da alma poderiam ser menos doídas, mais brandas e menos prolongadas.
As dores da alma deveriam ser curadas com um remédio feito de algodão doce, melado, açucarado, preferido. E ainda vir acompanhado por um sorriso de criança, de um brinquedo e de um beijo, sem provocação ao choro, à aflição ou à lamentação.
As dores da alma deveriam se despir do sofrimento e vestir a alma com uma roupa nova, cor-de-rosa ou tão colorida quanto as cores de um arco-íris, para quando novamente diagnosticadas, manifestarem vitalidade, contentamento e harmonia, assim como a inocência dos doutores da alegria, porque solidários ao sofrimento, prescreveriam a elas uma maior dosagem de amor para a cura.
“Se o coração sorrisse, iria acelerar a alegria com a alegria de estar feliz.”
Eu queria que não existissem as dores da alma, porque o coração chora, acelerado de dor quando machucado com a dor que também chora, amargurada. Se o coração sorrisse, iria acelerar a alegria com a alegria de estar feliz.
A ausência de alegria é a dor que mais faz doer a alma da gente, porque a tristeza e a alegria se confrontam sem dó nem piedade. Deveriam estar vinculadas à emoção e à euforia, mas, não; se condenadas pela falta de empatia sofrem à revelia de si mesmas. Contudo, se humanizadas, se sentem espontaneamente atraídas por si. E aí, a fusão emotiva entre o bem-estar e a alegria poderia curar de vez as dores que a alma sente.
Das tantas dores que a alma sente, não há uma que ela goste de ter, porque mesmo sofrida há muito e sozinha na vida, tem um jeitinho particular de ser – ela só quer ser e ter um (e)terno bem-querer!
As dores da alma, porque de tanto transitarem entre a tristeza e a alegria, clamam pela cura desta analogia!
Imagem de capa: Viktor Gladkov/shutterstock
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