Porque se for amor, se realmente configurar a tal da reciprocidade, pedido algum será necessário. Do contrário, é preciso deixar ir. Com o tempo, você aprende que nem todas as metades possuem vocação para serem chamadas de inteiros.
Está na hora de entender, de uma vez por todas, que relacionamento não é posse. Colocar o seu sentimento acima da liberdade de escolha do outro, é figurar naquele grupo dos manipuladores e chantagistas. Geralmente, a súplica antecede o fim. “Você não pode me deixar”, “não vou viver sem você” e mais inúmeros discursos que, a princípio, podem soar como inofensivos ou românticos. Entretanto, não passam de graves agressões ao coração partido. Quem quer, fica. Sem discussão.
Obviamente, nada é tão preto no branco assim, e casos diferentes acontecem. Generalizar nem sempre é o caminho, mas o comum entre todos, amor é liberdade. É sempre uma escolha. E o seu desejo de permanecer não deve ser motivo para obrigar alguém a continuar. Caso consiga, tenha certeza, o gosto não será mais tão doce. Transformações chegarão e, você, ainda crente naquilo que sentem um pelo outro, sequer notará novas ausências e rupturas da chama que um dia foi justificativa para tamanha plenitude.
Logo, respeite o adeus. Abandone o medo da solidão, pois ela já fazia parte de você antes mesmo do primeiro encontro. Tudo bem, você acostumou com o calor e com a rotina de ter alguém para dividir tantos momentos. Também sobraram saudades, lamentos e suspiros. Tudo isso é compreensível e não há uma só alma que não crie empatia diante da situação. Mas não é o fim, não o seu fim. Dói demais, mas passa. Sempre passa.
Enquanto o tempo trata de cicatrizar essa nova versão de você, permita-se. Tire da gaveta quem era e reassuma o controle do próprio amor. Tão logo perceba, novos objetivos serão estabelecidos, sonhos serão conduzidos e, talvez, a sorte de um despertar para um novo amor. De repente, algum que fique. Por querer, por escolher, por somar.
Amores acabam. Não é covardia. Você também pode ir embora quando quiser. Ser ou não ser amor depende da coragem de reconhecer-se. Na próxima vez, não peça que fiquem, apenas esteja. Porque todos os dias escolhas são feitas. Até mesmo o amor merece trocar de moradia.
Imagem de capa: Tudo Que Eu Amo (2009) – Dir. Jacek Borcuch
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