Eu tenho essa certeza: nem toda ruptura é por falta de amor. Acontece de o sentimento ser gigante, mas as possibilidades de o casal viver bem já se esgotaram, ao menos aos olhos do mais racional. Verdade seja dita, ninguém, em sã consciência, deseja permanecer numa relação que já se transformou numa arena de lutas. A gente percebe quando os abraços deram lugar à queda de braços. Viver intercalando um momento feliz com três dias de angústias não pode ser aceitável.
Em cada esquina desse mundo deve existir uma pessoa sangrando de saudades de alguém a quem teve que dizer adeus. São pessoas que tiveram que deixar a emoção de lado e trazer a razão à tona. A vida é curta demais para vivermos guerreando com quem deveria nos ofertar colo. Estranhamente, há pessoas que já internalizaram essa premissa de que “todo relacionamento tem briga mesmo”. Tudo bem, alguns desentendimentos fazem parte do ajuste de um casal, contudo, viver em pé de guerra, sem um motivo que justifique, não é saudável.
Eu, particularmente, sou adepta à filosofia do Lulu Santos que canta: “eu me recuso a admitir que amar é sofrer”. O mundo anda tão tumultuado, são tantas responsabilidades, tantos leões que temos que matar por dia que, sinceramente, não faz sentido estar numa relação que não oferece leveza.
Ok, a química ser indescritível; o abraço tem cheiro de roupa limpa seca ao sol; o cheiro da pessoa te faz flutuar. Contudo, as brigas, os ciúmes, as desconfianças, as paranoias, as cobranças descabidas, e as ofensas vão minando a admiração, o respeito, a liberdade de ser quem é, a espontaneidade. Então, chega num ponto em que, colocando tudo na balança, os pontos negativos irão falar mais alto. Por isso, alguém decide ir embora, mesmo sangrando por dentro.
O mundo está cheio de casais juntos, com almas divorciadas; e de casais separados com almas casadas.
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