Joseildo da Silva Batista, tem 33 anos, é técnico de enfermagem e trabalha trabalha na linha de frente de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em Campina Grande, na Paraíba.
Atualmente ele recebe R$ 80 por cada plantão de 12 horas, faz cerca de 13 plantões mensais e, no final do mês, após os descontos, ganha um total de R$ 946 líquidos. Em dias normais Joseildo realiza outros trabalho para complementar a renda, mas com a pandemia, seu serviço, hoje, se restringe aos plantões.
Como paga pensão e ajuda nas despesas da casa, Joseildo não tinha condições de alugar um quarto para ficar e, por medo de contaminar a mãe de 74 anos com o coronavírus, passou a dormir no terraço da casa.
“Quando soube que poderia transmitir para ela, pensei: ‘para onde eu vou?’ Com o salário que a gente ganha, não dá para alugar um quartinho. Eu não quero, casa, hotel, só quero um quarto para poder ficar tranquilo e exercer minha profissão sem medo de machucar a minha mãe, meu bem maior”, disse Joseildo para o G1.
A realidade do técnico de enfermagem não é um caso isolado, pois, além dos salários baixos, longas jornadas de trabalho, e falta de equipamentos de proteção, a classe profissional é a que mais tem contato com pacientes com Covid-19.
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), segundo o G1, já contabiliza 17 mortes de profissionais de enfermagem no Brasil que tiveram suspeita ou confirmação de Covid-19.
Joseildo, entretanto, foi exceção em um aspecto de sua vida. Após publicar sua história em redes sociais, uma empresa de vaquinha online viu o pedido e o divulgou. O resultado foram doações num montante de 34 mil reais. Mas Joseildo teve uma resposta surpreendente com relação ao dinheiro:
“Eu não quero para mim. Tirando o dinheiro para alugar um quartinho, vou fazer doações na minha cidade, porque tem muita gente precisando, e as pessoas vão passar por dificuldades. Já que estou sendo agraciado, tenho que agraciar mais pessoas. Recebo praticamente menos do que o salário mínimo. Não digo que é constrangedor porque não trabalho pelo dinheiro. É por amor. Mas a gente está na linha de frente o ano todo, estamos lidando com a vida e a morte das pessoas. Os governantes poderiam olhar para nós com um olhar diferente.”, referindo-se as dificuldades de ser um profissional da saúde.
Ah, e a questão de dormir na varanda também teve uma resposta pois a secretaria de saúde de Campina Grande, nesta sexta (10), disponibilizou hospedagem para profissionais de saúde que precisem ficar isolados de familiares em um hotel da cidade.
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Imagem de capa: Arquivo pessoal
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