A nossa modernidade líquida promove a liberdade individual baseada na competição predatória das relações econômicas, sociais e ambientais. É nesse cenário que se formam uma geração de egoístas e acríticos, que pautam a dinâmica da vida na busca, a qualquer preço, pela “felicidade.”
Esse comportamento contribui para destruir os valores fundamentais da cooperação e da solidariedade, que compõem os pilares da democracia. Porém, os resultados disso são visíveis: o medo, a angústia, o apego exagerado ao dinheiro e bens materiais, o desprezo pelo sofrimento humano, sobretudo, a repulsa pelos excluídos desse estilo de vida.
Por isso, que as universidades, as escolas e os professores têm um papel indispensável na formação de alunos pensantes e críticos, voltados para o exercício da cidadania e de ajuda mútua, a fim de enfrentar os desafios e a complexidade do mundo contemporâneo.
Mas existem alguns grupos sociais que não acreditam nessa visão educacional, porque preferem “jogar” os estudantes em um futuro duvidoso, de disputas ou guerras pelas recompensas prometidas pela competição sem limites.
Por outro lado, os conceitos de cooperação e solidariedade movimentaram o pensamento filosófico, teológico, jurídico, político, entre outros, que pôs em prática a paz e a interdependência entre os indivíduos e o coletivo, exemplos que ocorreram em muitos países, após a Grande Depressão de 1929 e da Segunda Guerra Mundial.
A proposta da educadora e médica, Maria Montessori, reforça esses fundamentos na sua concepção de educação, onde gestores de escolas, professores e comunidades precisam aprender a cooperar em nome da realização de um compromisso social, de ensinar aos seus alunos os conteúdos e as formas de convivência.
Para Montessori, a educação para vida tem o objetivo à formação integral do jovem, no sentido de garantir o desenvolvimento de indivíduos independentes e responsáveis, que encontrarão um lugar no mundo para exercer um trabalho gratificante, mover a paz e ter a capacidade de amar.
Sabemos que têm sujeitos que defendem, como todo o direito, de que a ganância ou o egoísmo são inerentes ao ser humano, como sendo as únicas “engrenagens” que impulsionam a economia e a busca pela felicidade, tendo como máxima: “custe o que custar, doa a quem doer.”
Apesar disso, há muita gente na comunidade científica, nas empresas e nas escolas que movem a cooperação e a solidariedade, não importando as maneiras de pensar e trabalhar. Assim, o poder público deve investir nisso, favorecendo o crescimento de todos os cidadãos, que serão responsáveis pela ampliação do sentimento de bem comum.
Portanto, educar para cooperação e solidariedade é pôr a paz em movimento, como ensinou Montessori: “As pessoas educam para a competição e esse é o princípio de qualquer guerra. Quando educarmos para cooperarmos e sermos solidários uns com os outros, nesse dia estaremos a educar para a paz!”
***
Jackson César Buonocore é sociólogo e psicanalista
***