Qual o maior incômodo que você tem na sua vida? Qual a reclamação mais frequente?
Pois bem, independente da resposta que você der para essas perguntas, esteja certo, elas estão diretamente relacionadas ao efeito bumerangue. Ou, como alguns conhecem, “o que se planta, se colhe”, “ação e reação”, “tudo que vai, volta”, etc. Eu, sinceramente, prefiro o termo “efeito bumerangue”, porque traduz mais claramente a variedade de situações que podem ocorrer, a diversidade de trajetórias que cada bumerangue pode fazer.
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Imagine-se em um campo aberto ou até na praia. Você com um bumerangue na mão. Pode ser um bumerangue grande ou pequeno, colorido ou não, de plástico ou de madeira, não importa. Dependendo de sua postura corporal, de seu ímpeto no arremesso e das condições do clima, o bumerangue realizará um trajeto e retornará a você. Agora, imagine-se no seu cotidiano. Milhares de bumerangues imaginários sendo lançados por você. Sua postura de vida, seu humor, seu ânimo, seus pensamentos, seus comentários, seus julgamentos, suas escolhas, onde você investe sua energia vital, a quem você direciona sua energia vital….em cada um desses aspectos, e em tantos outros, você está lançando bumerangues e irá recebê-los de volta em algum momento.
Alguns bumerangues retornarão imediatamente. Por exemplo, se você for grosseiro ou mal humorado com alguém, quase certo que essa pessoa irá reclamar ou fazer cara feia imediatamente. Outra possibilidade é que mais tarde, em alguma outra ocasião, reclame a você ou reclame de você.
Mas, e quando o feedback de nossas ações e escolhas somente vem muito mais adiante, no tão longínquo e desconhecido futuro?! A maioria das vezes, a maioria das pessoas, nem lembra que está vivenciando uma situação em decorrência do bumerangue que lançou. A partir daí vêm os lamentos, as queixas, as vitimizações e muito sofrimento.
A bem da verdade, não somos ensinados a assumir responsabilidade por nossas escolhas. Colocamos, constantemente, a culpa pelo que nos acontece nas circunstâncias da vida, no destino, na vontade divina e, principalmente, nos outros. Portanto, “nada podemos fazer”. Somos vítimas da crueldade, injustiça e desgraças da vida.
Ledo engano, não somente temos sempre algo a fazer como somos totalmente responsáveis por nossas vidas, por nossas escolhas e pelos bumerangues que lançamos aos outros, ao mundo. Somos responsáveis pelo caminho que construímos e pelas pessoas que atraímos ao nosso entorno. Somos responsáveis pela forma em que encaramos os acontecimentos da vida e pelos sentimentos que optamos ecoar no cotidiano.
Criar a consciência de que você está no comando de sua vida é difícil, eu sei. Parece muito errado falar “sim, eu sou responsável por estar irritado com meu chefe” ao invés de falar “meu chefe é um desgraçado, grosseiro, abusado”. Enxergar que seus atos, seus sentimentos e seus pensamentos geram suas vivências é igualmente difícil, eu sei. Para algumas pessoas é até assustador. Imagina, se você realmente for responsável pelas suas experiências, tudo o que você já sofreu até hoje, foi, no fundo, no fundo, por sua responsabilidade. Sim, por sua responsabilidade. (mas, não por sua culpa).
O lado bom de tudo isso? Assumir a responsabilidade lhe dará liberdade. Quando você é o responsável, você tem total autonomia para encontrar soluções, realizar mudanças e ser dono de seu próprio bem-estar presente e futuro. Você pode optar por deixar de lado, seguir adiante. Você pode optar por enfrentar o problema ou ignorá-lo. Você sairá da posição de vítima e se tornará protagonista da solução. E, vamos combinar, ser protagonista é MUITO melhor. Você já sentiu essa sensação de poder? Que não importa o que lhe aconteça você dará conta? É muito bom. Uma sensação imensa de bem-estar.
Concordo que puxar a responsabilidade para si demanda bastante maturidade emocional, eu mesma tenho dificuldade em alguns momentos (para não falar em vários momentos). Me pego reclamando de que não tenho tempo para mim, por exemplo. Mas, sou craque em não saber delegar tarefas de casa. Sou craque em consumir meu tempo trabalhando e me dedicando aos outros. Se eu puxar a responsabilidade da falta de tempo para mim, vou ter que aprender a lidar com todas as questões que fazem com que eu me sobrecarregue. Ui, e aí dói. É mais fácil culpar os outros, dizer que ninguém me ajuda e que tenho muito que fazer. Ao reclamar, obviamente, recebo de volta chateação e crítica dos outros, ao contrário de empatia, que é o que eu gostaria. Dá para perceber o efeito bumerangue aí gente?!
Mas, e por que dói? Por que é tão difícil assumir? Porque saímos de nossa zona de conforto. Porque temos que mexer em nossas crenças, em nossas convicções, mexer em nossos erros e fraquezas. Precisamos nos reeducar e voltar a nos situar diante de uma nova realidade. É tão difícil fazer isso que muita gente simplesmente “prefere” passar a vida se lamentando e reclamando do que tomar uma atitude para viver mais leve e feliz. Sem contar que a vítima recebe mais empatia de outras vítimas e assim o ciclo se fecha (sim, as vítimas precisam de mais vítimas para manter o status de vítimas!!!). A solução dos seus problemas está em você mesmo. Basta ter coragem para assumir o papel de protagonista.
E aí? Quais bumerangues você vai lançar hoje?
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