Ela cansou de verdade. Não é que ela não se importe mais com algumas pessoas e com certas coisas. Ela simplesmente mudou depois de muitas quedas e decepções. Tudo o que ela quer é poder correr atrás das próprias felicidades sem ter a obrigação de pedir desculpas, seja para a vida ou para quem estiver junto dela.
Ela acha um absurdo dar satisfações por causa dos seus sonhos. Ela passou por tanto até construí-los que não cabe ficar justificando como eles são importantes. Quem chega, quem quer mesmo ficar deve, com respeito e parceria, compartilhar dessa busca. Ela nunca fez questão de uma vida exagerada, mas também não pretende abrir mão de uma trajetória confortável, onde cada gosto tenha liberdade e oportunidade de transbordar. Ela quer ser inteira no sentido mais literal possível.
Se no passado ela abaixou a cabeça e travou o coração por conta de medos aleatórios, hoje ela é capaz de lançar um largo sorriso para sentimentos sinceros. Ela aprecia amores fora da curva, amores fogos de artifício. Daqueles resistentes e entregues no agora. O depois é muito sem graça para ela. Um dos maiores motivos dela ter mudado ao longo do tempo foi essa fome de viver os instantes presentes. É a forma que ela encontrou de cuidar e entender dos próprios passos e interferências. Ela quer um lugar tranquilo, uma viagem inesquecível, um abraço bem dado.
Ela decidiu parar de pedir desculpas pela vida que sempre quis e, com isso, de aceitar menos do que merece. Ela não chora as pitangas porque o destino fez outros planos para a sua vida. Ela tem a confiança e a sintonia de começar o que quiser, quando quiser. Ela transforma todos os porquês em mensagens claras e objetivas ao próprio jeito de seguir em frente. Pelos seus sonhos, nem a vida se atreve a dar uma opinião.
Imagem de capa: O Vale das Bonecas (1967) – Dir. Mark Robson