Quem não gosta de um elogio, de reconhecimento, de um bom destaque? É uma sensação deliciosa, não se deve negar.
Mas, esse é um terreno perigoso que pode embriagar e viciar, principalmente se não soubermos reconhecer por nós mesmos o valor de nossas qualidades, seja lá por qual razão, pois que são diversas e nos espreitam por todos os cantos, tentando entrar: inseguranças, comparações, concorrências, competições, vaidades, rejeições e toda a sorte de aniquiladores do reconhecimento genuíno.
Somos legítimos quando reconhecemos, ou pelo menos desconfiamos de nossas qualidades e defeitos. Somos imperfeitos e também livres, porque é pública e acessível a nossa lista de prós e contras.
Somos forjados quando queremos e precisamos viver somente de elogios e falsas afirmações, quando lutamos por espaços que não nos pertencem, quando somos vaidosos a ponto de anular o outro somente para garantir um destaque e fama.
Essa é uma via do perigo, e ainda existe outra, da qual podemos nem nos dar conta, que é a manipulação que sofremos para obter os louros que tanto queremos. Nos vendemos, muitas vezes nos liquidamos, e quem compra, por tão pouco, também pouco valor nos atribui. Pinta o cenário com as cores que sonhamos mas nos manipula como bem desejar. Nos alimenta o ego e mata de fome a alma. E tudo por uma afirmação externa, a mesma que não somos capazes de sustentar sozinhos.
- Você vai sair desse jeito? Não deveria se arrumar um pouco mais?
- Preciso repetir o que acabei de falar? Como você não entende? Perdeu a inteligência?
- Seu trabalho poderia ser melhor!
- Sua comida não me agrada, seu perfume me enjoa, seu andar é esquisito…
Exemplos… alguns… o suficiente para muita gente se descaracterizar por completo e lutar desesperadamente para ser o padrão do outro, para obter os elogios de que tanto precisa e se sentir pertencendo a alguma coisa. Coisa alguma.
Mas como nada a ferro e fogo se justifica, muitas criticas são justas e devem ser aproveitadas. Já outras, as nocivas, talvez seja melhor ficar com elas como experiência e mandar para longe quem as fez, assim como os elogios vazios.
Em todos os casos, é preferível sempre um reconhecimento duro do que um elogio frívolo. Não é preciso, não é necessário, não é vantagem, não alimenta.
Na dúvida, seja gentil. Não elogie à toa, não critique sem razão.