Por Maria Cristina Ramos Brito
Na correria da vida moderna, com tantos compromissos e obrigações, a felicidade parece ter se tornado um enigma. O que é exatamente ser feliz? Para alguns, é o desejo de melhoria no padrão de vida, ter casa, saúde, educação, saneamento básico. Para outros, é poder adquirir bens e serviços disponíveis e conquistar posição e status. Muitas vezes confunde-se conforto e qualidade de vida com estar feliz. Mas a felicidade é um sentimento subjetivo, um estado de satisfação que independe de acontecimentos externos. Na confusão de ter com ser, o indivíduo esquece o que realmente importa e perde sua essência. Precisa então consumir mais para ter a ilusão de felicidade.
A definição não dá conta do sentimento: felicidade é um estado de plenitude, satisfação e equilíbrio físico, mental e espiritual, que vai do contentamento à alegria intensa. Apesar de ser objeto de estudo desde sempre, nem psicologia, filosofia ou religião conseguiram chegar a uma conclusão definitiva e universal sobre seu significado. Dos gregos aos nossos dias, muitos se dedicaram a entender o que ela é e como obtê-la, em diferentes épocas e culturas. Parece mais fácil ser feliz do que escrever sobre felicidade. E quem já sentiu as pernas bambas ao ouvir uma declaração de amor, o coração leve ao abraçar um amigo que não encontrava há tempos ou se lembra da sensação ao realizar um sonho sabe do que estou falando.
Deixando de lado definições, proponho refletir sobre atitudes simples que ajudam a experimentar esse sentimento tão prazeroso. E o melhor é que todos são capazes de construir o caminho para a própria felicidade, de acordo com suas crenças e necessidades, independentemente do que os outros pensem ou digam. Sentir-se feliz pode ser estar em paz consigo mesmo, não ter preocupações financeiras, amar e ser amado, cuidar dos filhos, ter saúde física e mental, participar de causas sociais, fazer o trabalho que se gosta, ou apenas aquela sensação indefinível de abrir a janela de manhã para um lindo dia de sol.
Não se pode ignorar que as circunstâncias de vida contribuem para a felicidade, porém elas não são determinantes. Como experiência única, pessoal e intransferível, ser feliz depende tanto da forma como a pessoa encara a vida e enfrenta o sofrimento e as dificuldades quanto do compromisso consigo mesma, da busca do que considera importante. E para isto é necessário ter fé, esperança, coragem e confiança, enquanto medo, insegurança e baixa autoestima sabotam a felicidade. Respeitar as próprias vontades e limites, aprender a ser assertivo e a dizer não, assumir o controle, não depender das atitudes ou humores dos outros, quer sejam família ou amigos, tudo isto é possível através do autoconhecimento.
Ter uma existência plena depende do que se pensa, do que se sente e do que se faz. Ficar preso às experiências ruins, achar que o passado determina o futuro, enfatizar acontecimentos negativos em detrimento dos positivos são atitudes que provocam desesperança e acomodação. Por outro lado, desapegar-se de lembranças sofridas, desenvolver uma perspectiva otimista, estabelecer metas realistas e não exigir demais de si mesmo, além de exercitar a gratidão e o perdão, aumentam a apreciação dos eventos positivos vividos. Importante também é se cercar de pessoas que deem apoio, carinho e orientação, afastando-se de relacionamentos estéreis ou abusivos.
A felicidade é um estado de espírito, está dentro de cada um, não é permanente, varia de intensidade e apresenta-se de diversas formas. E, mais que tudo, depende da disposição de cada um para alcançá-la.
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