Em terra de bêbado, quem sabe voltar para casa é Rei

Três homens beberam muito durante à noite e, na hora de voltar para casa, esqueceram o caminho de volta.

A dona do bar, uma senhora que conhecia bem os três, disse-lhes que eram vizinhos e que o destino de um era próximo ao destino dos outros. A mulher ainda lhes mostrou a estrada que os levaria às residências. Instruiu-lhes a dobrar duas esquinas e entrarem a primeira direita. Lá seguiram os bêbados baseados na instrução.

Chegando à rua, um dos bêbados reconheceu a casa onde morava. Os outros, ainda mais embriagados, não conseguiam distinguir as duas casas vizinhas como suas. Teimaram, queriam bater na porta, mas um deles segurou o outro porque acreditava que aquela casa era sua e poderia acordar sua mulher. Àquela hora da noite, era problema na certa.

O único bêbado que tinha certeza de sua própria casa convidou os outros a dormir por lá mesmo; era tarde e aquela anarquia na rua iria terminar acordando os vizinhos. Os três entraram e foram dormir junto com o dono da casa.

No outro dia, os três acordaram em uma pequena cama. Estavam nus e não sabiam como tinham tirado a roupa nem quais os fins da nudez. Dois deles reclamavam do dolorido nas nádegas. Manchas de mãos ainda avermelhadas eram visíveis. Aprofundando-se mais, bem na região onde as nádegas fazem uma curva para dentro, sentiam-se úmidos. O único que não tinha marcas era o dono da casa. Esse fato fez arregalar os olhos dos outros dois. Estavam desconfiados, mas se julgavam másculos demais para discutir o ocorrido.

Os dois foram para casa, encontraram suas mulheres, pediram desculpas pelas ausências durante aquela noite, mas, pelo menos três vezes por mês, saem para beber e dois deles esquecem o caminho de casa. São felizes por terem aquele amigo que sempre sabe o lugar onde mora e lhes oferece uma cama quentinha para dormir até conseguirem retornar aos seus lares, às suas esposas.







É professora de Língua Portuguesa, mora em Patos, PB e escreve poemas, contos, crônicas…