Enquanto brigamos, o tempo passa. O tempo que não espera, não volta, não nos compensa.
E enquanto insistimos em gastar o tempo, brigamos, arrumamos pretextos para discordar, lutar para sermos proprietários de todas as verdades, todas as razões, todas as coisas que não conseguimos sequer carregar, nas mãos nem na consciência.
E a morte nos aguarda. Nos espera no final do tempo, aquele tempo que tínhamos de sobra, mas preferimos gastar com brigas, fofocas e desunião.
Essa é uma realidade incontestável. O tempo passa e nos entrega a morte.
Não só as brigas consomem o tempo, é verdade. Mas, de todas as opções por vontade próprias, esta é uma forte candidata ao lugar de mais tola.
Não falo de discussões e lutas por direitos. Isso é outra coisa. E muita gente boa já utilizou seu tempo para que nós, briguentos, desfrutássemos das conquistas.
Falo de brigas por poder, vantagens, territórios, espaços, razões, tudo o que nos coloca em posição de destaque, ainda que pelo lado mais desprezível.
O ditado afirma: – Dou um boi para entrar numa briga, mas dou uma boiada para não sair. – fala muito de nós, briguentos. Vamos às últimas consequências para levar para casa o troféu, ou os chifres, não sei. E, nisso, o tempo passou. Juntamos mais alguns desafetos para a conta. E menos algum tempo para a vida.
E a morte nos aguarda. Não importa de que forma levamos a vida. Ainda assim, ela vai nos levar. E ainda assim, escolhemos desperdiçar o tempo, brigando.
Batemos no peito orgulhosos e dizemos: – Sou pavio curto! E morremos, independente do tamanho do pavio. Aliás, independente de qualquer tamanho que possa se comparar.
Meu palpite: Correr das brigas. Correr para valer. Só ficar, se for por justiça. Só brigar, se for pela vida. Qualquer vida.
A morte que nos aguarde, como é a sua tarefa. E o tempo, que passe com prazer, assistindo o melhor que vamos fazer de nossas vidas.
Imagem de capa: David M G/shutterstock