O significado da palavra paranoia vem do grego para = ao lado de, fora, e noia = de si, ou seja, fora de si. Vamos abordar a paranoia a partir da teoria crítica da psicanálise e da sociologia, desmistificando essa patologia como algo distante dos sujeitos “normais”.
A psicanálise investigou os sintomas da paranoia, que aparecem através da fala, do sonho, da dor psíquica, do prazer, do desprazer e da sexualidade. Os elementos da paranoia são encontrados nas pessoas e nas relações sociais, diferenciando seu nível em cada uma delas.
Os delírios paranoicos costumam estar vinculados aos mecanismos de projeção, pois o conteúdo é projetado em um objeto pelos sujeitos, fazendo com que tal objeto se torne uma ameaça. A tragédia da paranoia é o dano aos cinco sentidos, isto é, a perda do contato com o mundo que faz sentido.
Assim Freud inseriu a paranoia, não só no delírio de perseguição, como no delírio de ciúme e no delírio de grandeza. Por isso, muitos homens transferem seus delírios de ciúmes no sentido de humilhar e agredir suas namoradas, esposas ou ex-mulheres.
Os sujeitos paranoides, em termos afetivos, se aproximam de qualquer relação com a crença de que os outros irão cometer um erro e admitir suas suspeitas. E por consequências, as amizades são desfeitas, as relações amorosas são rompidas e os negócios são rescindidos.
Aliás, o delírio de perseguição se refugia nas religiões, que têm uma doutrina paranoica, por mais absurda que pareça, conseguem dominar milhões de pessoas, prometendo a elas proteção aos encalços dos demônios, que são os culpados pelas doenças e derrotas dos fiéis.
No âmbito social, as perseguições também são sinais visíveis do nosso mundo líquido. O motivo maior é o medo, que incentiva a busca paranoica por segurança, porque o mal pode estar oculto em qualquer lugar, e não se pode confiar em ninguém.
Ergueu-se uma concepção de segurança, que impõe a lógica da vigilância, do isolamento e da aquisição de armas, projetando os delírios paranoicos de modo constante. A pseudo atmosfera de insegurança instituiu o medo na cabeça dos indivíduos, tencionando a nossa vida cotidiana.
Essa tensão nasce de supostas ameaças internas, que podem vir das favelas e as externas, que podem surgir de imigrantes deslocados pelo mundo. O medo acaba formatando uma sociedade paranoica, onde todos são virtualmente perigosos à primeira vista.
Além disso, o nosso conceito de felicidade está cheio de delírios de grandeza, já que em primeiríssimo lugar: o “belo” e o “melhor” pertencem apenas a uma confraria que se intitula de “Very Important Person”. Há criaturas que gastam o que não têm para frequentar o mundo VIP!
Porém, o que é ótimo saber, que encontramos gente com inteligência espiritual em todos os setores sociais, que valorizam a condição humana acima de tudo, como fizeram os grandes mestres da humanidade, orientando as pessoas a não caírem nos esquemas paranoicos dos dias de hoje.
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Imagem de capa meramente ilustrativa: cena da série Mr Robot