Toda liberdade tem seu preço e em igual medida, seu valor.
Quando você diz que escolhe ser livre, diz também que vai ser preciso discordar muito, transgredir um pouco, decepcionar às vezes, contrariar um monte, espantar, escandalizar, atrapalhar planos, fechar ciclos, quebrar paradigmas, destruir tabus. Não é pequeno o estrago que a liberdade produz.
Para ser livre, não se pode entregar os comandos da vida a nada ou a ninguém. Não se pode ser vítima do outro, nem da própria fraqueza, tampouco trapacear, fingindo-se frágil e incapaz, terceirizando responsabilidades e decisões.
Liberdade é poder esticar os braços e as pernas e nenhum obstáculo interferir.
Liberdade é levar os pensamentos até onde desejar e, no retorno, vê-los transformando-se em ações e resultados.
Liberdade é encarar com altivez os monstros que nos espreitam, fazer escolhas e sustentá-las, não se entregar às lábias, não se entregar ao canto da sereia.
Sempre que se abre mão da liberdade, alguém a toma para si. E desse alguém viramos vítimas, reféns, escravos, criaturas submissas, sem voto nem opinião.
Há quem acredite nas vantagens de uma vida assim. Mas há cada vez menos. Quem já desfrutou do gostinho da liberdade, mesmo que momentânea, não volta para o cativeiro. Não por sua própria vontade.
A escolha é tão difícil quanto recompensadora. Libertar é romper, cortar, rasgar, puxar e empurrar. É ocupar um espaço individual, solitário, silencioso, espelhado. Nada se esconde neste espaço. Tudo fica à mostra e tudo lhe pertence. O bom e o ruim.
Mas libertar é também escolher, decidir, ir, voltar, girar, dançar, flutuar, gritar e calar, sem consentimento ou reprovação. Libertar é estar no espaço ocupado, o espaço individual, solitário, silencioso e espelhado, e ainda assim se sentir dono e propriedade do mundo. Não ser de ninguém.
Ser livre é assustador, no entanto, ser refém, propriedade, vítima ou qualquer outro nome que possa se dar, é não ser nada, é ser utensílio em mãos alheias.
Faça a sua escolha.