Por Nara Rúbia Ribeiro
Quando você olha e se apaixona por uma imagem, dentre tantas outras, aquela é a paisagem do seu coração, naquele instante.
Veja, abaixo, que poema descreve essa paisagem.
Procura-se um sonho.
Ele andou fatiado de medos,
Iludiu-se, imiscuiu-se,
E chegou a flertar com a utopia.
Quem o encontrar,
Diz a ele que o perdoo por tudo.
Que o meu peito, em cicatrizes,
É hoje até mais bonito que antes.
Que aprendi que a força se desdobra
Em indizíveis fraquezas.
E que enquanto ainda chorava de inércia
Meus olhos colheram do sol
A força de desabrochar o meu mundo.
Diz que a solidão me consome os espaços.
E a vizinhança inteira me ouviu a gritar por seu nome.
Diz que sangro a sua ausência
E os seus silêncios me transbordam.
Diz ao meu sonho que ele venceu.
A minh’ alma não se vendeu.
Quando o meu coração
Se soube eterno
Fiz as pazes
Com o tempo.
A espera não dói.
A ânsia de amor
Não mais me consome.
Teus olhos me cegam
E me conduzem
Ao outro lado das Eras
E no quanto existas em mim
Eu sou.
Eu sou um mosaico de medos,
Mas isso é segredo.
É preciso amoldar-me ao mundo.
Aqui, na ânsia de ser aceito,
Releva-se a poesia emoldurada do que se é
E sublima-se a aparência do que se quer.
Preciso esconder a arte rebuscada dos medos
E exibir a máscara medíocre
De minhas falsas certezas.
Quantos incautos crerão
Em minha fortaleza interior?
E assim também eu perco a arte do humano.
Finjo perene coragem
E, em alto estilo,
Dissimulo o meu auto-engano.
Não gosto muito de saber
As verdades do mundo.
Prefiro inventar
Minhas próprias verdades.
Por vezes raras
Vejo jornais.
Ontem vi uma mãe
Chorar o filho morto a tiros,
Por animais que professam
Pertencer à espécie humana.
Ao descer do prédio,
Deparei-me com uma mãe beija-flor.
Ela construiu seu ninho
Em cima da minha garagem.
Quando me viu, colocou-se entre mim e o ninho,
Batia as asas, ameaçava atacar-me,
E retornava à proteção de seus ovos.
Cheguei a pensar comigo:
– Será que essa mãe viu o jornal da tarde?
Olhei bem para aquele ser minúsculo,
Dócil, frágil,
Que tentava afugentar-me a todo custo,
E disse:
Fica em paz,
Minha forma ainda é humana,
Mas meu coração passarinho.
Eu tenho medo do ameno,
Da esperança à meia asa.
Tenho medo do que não se doa
Daquele que não voa e até vê,
mas pouco demais se enxerga.
Tenho medo daquele que só tem certezas
E sabe o contorno incerto de toda a verdade.
Fujo do ser que sonha somente o concreto:
Aquele que simboliza as centelhas do dia
em cifrões.
Tenho medo,
E tanto quanto assim eu também me apresento,
Eu também intento afugentar-me de mim.
Um rei medroso
Ordenou que fossem mortos
Todos os pássaros do seu reino.
Assim se cumpriu.
Daquele dia em diante
O canto que nascia vinha das entranhas das pedras.
Deu-se uma quebra no encantamento das coisas
E dragões desembocaram do espaço.
Parecia que o mundo inteiro findava.
O rei,
Desobrigado de sonho,
Fechou os seus olhos de esquecer de acordar.
Então, as crianças se aliaram aos poetas
E desenharam um poema
De passarinhos ressuscitados.
Foi aí que pequeninas pedras
Animaram-se a levitar.
Pouco a pouco ganharam penas,
Bico, asas, gorjeio de pássaro.
E as crianças descobriram
Que pedrinhas coloridas
São passarinhos disfarçados de chão.
Segredo milenarmente guardado.
Só o sabem as crianças e os poetas.
*Todos os poemas são de Nara Rúbia Ribeiro.
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