Por Nara Rúbia Ribeiro
Eu estava lendo um livro, mais precisamente “Os trabalhadores do Mar”, de Victor Hugo, quando sou despertada do meu transe encantatório por um grito da minha filha, numa ocorrência totalmente inusitada. Ela, então com sete anos de idade, subiu as escadas com máxima pressa, e começou a gritar antes mesmo de terminar de abrir a porta:
– Mãe! (pausa para a respiração) Eu acho que fiz um poema!
Ela estava emocionada, o coração batendo apressado tanto pela pressa com que subira as escadas quanto pela súbita inspiração.
– Mesmo, Mariana? Onde você escreveu o poema?
– Não, mãe. Eu só pensei.
Foi quando corri, peguei lápis e papel e disse:
– Então vamos anotar aqui para que não o esqueçamos nunca mais!
E assim a Mariana declamou-se a sua primeira composição poética, escreveu o poema em seu caderno e fez as pertinentes ilustrações.
Conto aqui a história da Mariana para lamentar as centenas de “Victor Hugos” perdidos, os inúmeros “Da Vinci” desperdiçados, os “Bethovens” que a humanidade não conheceu e jamais conhecerá, porque os adultos andam ocupados demais para perceberem os lampejos de genialidade de suas crianças.
Como se não bastasse essa grave omissão, por estamos desfocados dos valores essenciais, queremos criar filhos não para encantarem o mundo na plenitude da originalidade que possuem. O que queremos é forjar meros imitadores das celebridades, queremos que trilhem caminhos de sucesso que nós traçamos ou que terceiros criaram. Assim, desrespeitamos os nossos filhos desde a infância por retirarmos deles a possibilidade de serem autores de suas próprias histórias de vida.
O pai que ainda não percebeu que tem mais a aprender com o filho que a ensinar, ainda não entendeu a paternidade. Quanto a mim, eu aprendo muito mais do que ensino e ainda não sei se já posso considerar-me uma mãe.
Penso que o nosso maior papel não é ensinar. É ver em nossos filhos as inclinações boas, os magníficos talentos, as superiores vocações e darmos tamanho holofote, incentivo, tanto fomento à amplitude dessas benesses íntimas, que as más inclinações se escondam, ofuscadas e envergonhas pela grandeza das primeiras.
– Mãe! (continuou a conversa) Se eu quiser ser escritora, eu posso?
– Claro que sim, filha. Você poderá fazer com que as pessoas pensem muitas coisas boas, lendo as suas palavras.
– Mas e se eu quiser tocar numa banda de rock, eu posso também?
– Claro! E você ainda pode escrever as letras das músicas da banda, não é o máximo?
– É sim. Mas eu acho que vou ser é pintora mesmo. Eu gosto muito do verde. O verde é minha cor preferida.
E foi correndo brincar, deixando o poema na minha mão. Hoje, já transcorridos vários anos, penso comigo que talvez a Mariana venha a ser poeta. Talvez desenhista… Pode ser mesmo que integre alguma banda de rock. Talvez venha a ser tudo isso junto e mais uma centena de outras coisas. Quem de nós não é múltiplo e multifacetado não pode ser singular. O que tenho certeza é de que a Mari sempre soube muito das indagações da vida. Já aos sete anos se inclinava à Filosofia. Desde sempre soube que sabia pouco, como você observará ao ler o poema abaixo. Ser socrática aos sete anos é saber-se muito… E fico aqui imaginando: ter uma filha escritora, desenhista, baterista e filósofa… isso não é demais?
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