Marcel Camargo

Estar solteiro não significa estar disponível

Imagem de capa: Syda Productions, Shutterstock

Ah, os rótulos, malditos rótulos, que nos impedem de abraçar encontros verdadeiros, que nos afastam de quem tem muito a oferecer, que nos fazem cair em armadilhas inúteis. Rótulos são perda de tempo, de pensamento, perda de vida. Quase tudo daquilo que se dissemina como o mais provável acaba sendo o mais equivocado, porque as pessoas são, na maioria das vezes, surpreendentes – e no bom sentido.

Um terreno comum em que essas ideias mal ajambradas se perpetuam vem a ser aquele relacionado à disponibilidade dos solteiros, dos compromissados e dos nem tanto assim. Muitos de nós costumamos achar que a pessoa que não possui parceiro provavelmente se encontra com uma vontade irrefreável de se relacionar, até mesmo descompromissadamente. É como se vivêssemos todos à procura de alguém, como se esse fosse o objetivo primeiro de todo e de qualquer ser humano.

Esse equivocado conceito ainda se torna mais forte quando se trata de recém-separados, recém-divorciados, ou seja, de pessoas que acabaram de por fim a um relacionamento. Muitos acham que mulheres separadas, por exemplo, são presas fáceis, que se encontram carentes, mais suscetíveis a paqueras e flertadas. Como se o estado civil de uma pessoa fosse capaz de regular o comportamento delas, como se a aliança ou a falta dela pudesse ser um termômetro da carência de alguém.

Isso tudo é pura balela. Existem pessoas casadas que não são compromissadas com o parceiro, bem como há pessoas solteiras que não estão dispostas a se relacionar naquele momento. Existe gente com aliança ou sem e que se respeita, bem como há gente com aliança ou sem e que não se respeita. A fidelidade é um compromisso das pessoas primeiramente com elas mesmas, com seus próprios princípios, porque quem não se respeita jamais respeitará quem quer que seja, tenha ou não feito votos em frente a uma platéia.

Quanto aos solteiros, muitos deles podem muito bem estar querendo dar um tempo nos relacionamentos afetivos, para colocar os pensamentos em ordem e arrumar os sentimentos dentro de si, no sentido de construir certezas quanto ao que realmente querem ou não para suas vidas. O que menos desejam, portanto, é arranjar alguém para namoro e sim curtir a vida junto a amigos. Ser feliz sozinho, aliás, é perfeitamente possível.

Enfim, nem todo solteiro quer deixar de sê-lo, nem todos os separados estão disponíveis para beijos ou qualquer coisa do tipo, da mesma forma que muitos indivíduos compromissados, por incrível que pareça, procuram avidamente por aventuras infiéis. Porque caráter e comprometimento têm a ver com o que carregamos dentro de nossos princípios e aliança alguma é capaz de mudar isso.

De nada.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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