Recentemente, a escritora feminista Chimamanda Ngozi Adichie fez um discurso na cerimônia de formatura do Wellesley College, faculdade liberal para mulheres em Massachusetts, Estados Unidos. E todos deveriam ouvi-lo.
A premiada escritora falou sobre feminismo, privilégios dos homens e a coragem de expressar opiniões. Adichie disse que entendeu bem cedo que o mundo não tratava as mulheres como trata os homens. Sabia que “os homens não eram inerentemente maus. Eram simplesmente privilegiados. E sabia que o privilégio cega, porque é da natureza do privilégio cegar”.
Ela disse à plateia de recém-formadas que elas agora também dispunham de um certo privilégio, depois de se formar em uma faculdade de prestígio para mulheres. “Não importa seu passado. Esse diploma e a experiência de estar aqui são um privilégio”, disse. “Não permitam que isso [o privilégio] as cegue demais. Às vezes vocês precisarão empurrá-lo para o outro lado para ver claramente.”
A escritora de 37 anos também deu conselhos de vida para inspirar as mentes e incentivar ações, dizendo: “Faço um apelo para que tentem criar o mundo no qual querem viver… Sirvam o mundo de uma forma que possam mudá-lo. Sirvam de uma maneira real, ativa, prática, coloquem a mão na massa”.
Adichie continuou, listando várias maneiras pelas quais as recém-formadas podem transformar o mundo:
“Escrevam [roteiros de] programas de televisão nos quais a força das mulheres não seja retratada como algo extraordinário, mas normal. Ensinem seus alunos a ver a vulnerabilidade como um traço humano em vez de feminino.”
“Encomendem artigos de revista que ensinem os homens a fazer uma mulher feliz. Porque já existem muitos artigos que dizem às mulheres como fazer um homem feliz.”
“Façam campanhas e se mobilizem a favor da licença-paternidade remunerada em todos os cantos nos Estados Unidos.”
“Empreguem mais mulheres onde existem poucas. Mas lembrem-se que a mulher contratada não precisa ser excepcionalmente boa. Como a maioria dos homens que são contratados, ela apenas precisa ser boa o suficiente.”
Adichie lembrou o público que o feminismo realmente serve para todos. “O feminismo deve ser um partido inclusivo. O feminismo deve ser um partido cheio de diferentes feminismos”, disse, acrescentando “por isso, turma de 2015, saiam daqui e façam do feminismo um grande, estridente e inclusivo partido”.
Ela concluiu o discurso com uma observação linda e comovente, dizendo às jovens que a coisa mais importante no mundo é o amor – mas lembrar de dar amor e receber amor é a chave. “Agora as garotas muitas vezes são criadas para ver o amor apenas como doação. As mulheres são apreciadas por seu amor quando aquele amor é um ato de doação. Mas amar é dar e receber”, disse.
“Por favor, amem doando e recebendo. Doem e recebam. Se estiverem apenas doando sem receber, saberão. Saberão a partir daquela pequena e verdadeira voz interna que nós mulheres tantas vezes socializamos ao silêncio.”
Adichie conclui seu discurso dizendo à público: “Não silenciem essa voz. Enfrentem o desafio”.
Fonte indicada: Brasil Post
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