Por Marta F. Reis
Os pais que sempre tentam mudar o que os filhos sentem, tentam educá-los fazendo-os se sentirem culpados ou ameaçando-os de que, se não fizerem as coisas à sua maneira, vão gostar menos deles, não arriscam apenas contribuir para um ambiente hostil em casa enquanto os filhos são adolescentes. Um estudo da Universidade da Virgínia concluiu que este tipo de táticas psicológicas afeta as relações que mais tarde os jovens terão com amigos e namorados. As crianças que crescem sujeitas a este tipo de manipulação psicológica tendem a ser menos independentes e abertas nas suas relações, concluem os investigadores num artigo publicado esta semana na revista científica “Child Development”.
Barbara Oudekerk, co-autora do estudo, explicou ao i que não se trata de os pais não poderem orientar os filhos para o que entendem ser as opções mais saudáveis. A forma como o fazem é que pode ser problemática. A equipe dedicou-se a investigar uma questão relativamente consensual da psicologia do desenvolvimento: os adolescentes menos independentes tendem a ter mais dificuldades de relacionamento quando crescem. O objetivo era perceber o que estaria na origem dessa lacuna e, para isso, os pesquisadores testaram a hipótese de que eles tinham pais que se utilizavam de táticas psicológicas consideradas intrusivas.
O trabalho começou em 1998, com o recrutamento de jovens que que estavam no 8.o ano. Pediram-lhes que escolhessem amigos próximos, que também fariam parte da experiência. A partir daí a investigação durou quase nove anos, o que implicou recolher informação quando os jovens tinham 13, 18 e 21 anos. Envolveu ao todo 184 jovens.
Por um lado, submeteram-nos a inquéritos sobre o tipo de atitudes que os pais tinham com eles. Eles procuraram avaliar o grau de controle psicológico. Por outro, filmaram-nos a discutir com os amigos que tinham selecionado desafiando-os a chegar a consensos em jogos mentais adaptados às suas idades, para avaliarem a forma como expressavam as suas opiniões e interagiam com os amigos. Aos 13 anos, por exemplo, os jovens eram confrontados com a ideia de que tinham 12 pessoas conhecidas em Marte mas só sete poderiam voltar à Terra. Depois de a “cobaia” e o amigo escolherem separadamente os seus eleitos, tinham de chegar a acordo.
Mais velhos, as questões eram mais abstratas, como o que preferiam manter quando chegassem aos 90 anos: o corpo ou a cabeça de uma pessoa de 35.
Os investigadores concluíram que os jovens cujos pais usavam mais vezes técnicas de chantagem psicológica e procuravam manipular os filhos acabavam por sair-se pior nestes confrontos com amigos, exteriorizando menos o que pensavam ou adoptando posturas mais hostis para defender as suas ideias. Os jovens que tinham revelado possuir pais mais controladores aos 13 anos acabavam por continuar a ser menos funcionais nove anos mais tarde, quando tinham 21 anos. Além disso, os que tinham mais dificuldades nestes jogos com os amigos tinham vidas amorosas também menos estáveis nas idades mais adiantadas. “Já tínhamos verificado noutras investigações que quanto mais tempo se está numa relação mais se precisa de autonomia e intimidade”, diz Barbara Oudekerk.
DISCUTIR É EDUCAR “Só porque os pais têm atitudes deste gênero uma ou duas vezes não quer dizer que vão prejudicar as relações dos filhos”, sublinha a investigadora: “O que concluímos é que, quanto mais os pais são assim e tentam controlar o comportamento dos jovens usando técnicas intrusivas, menos eles são capazes de expressar a sua independência e desenvolver intimidade em futuras relações com amigos e namorados.”
Embora não tenham uma explicação clara do resultado, que no fundo mostra que os jovens não se tornam controladores como os pais mas pelo menos nestas idades acabam por ficar mais vulneráveis, Barbara Ouderkek arrisca que uma das hipóteses é que este tipo de abordagem dos pais ensina os jovens a priorizar os desejos e necessidades dos outros acima das suas. “Se os pais são excessivamente controladores em termos psicológicos, os jovens podem ter menos oportunidades para defender as suas opiniões sem temer chateá-los ou ficar menos próximos deles”, diz. “Podem também interiorizar que precisam tomar decisões para agradar aos pais em vez de pensar no seu bem-estar, nos seus objetivos.” Por outro lado, podem não ter margem para aprender a defender as suas ideias sem atacar e diminuir as dos outros. “Se formos bons defendendo as nossas opiniões mas de uma forma que magoe a outra pessoa, a amizade não dura.”
A investigadora defende que uma das lições a tirar deste estudo é que, quando os pais se queixam que não conseguem controlar as relações dos filhos, talvez não tenham a percepção de que a forma como lidam com eles é estruturante dessas relações fora de casa.
Antes deste estudo, a equipe já tinha demonstrado que o mesmo tipo de controle psicológico durante a adolescência levava os jovens a seguirem mais vezes os colegas e começar, por exemplo, a vida sexual mais cedo.
Tomar uma decisão e explicá-la é uma melhor opção que recorrer à culpa ou ao remorso, defende Ouderkek. “Quando têm uma discussão com os filhos, devem ter em conta que estão a ensinar aos filhos as formas adequadas de expressarem as suas opiniões em relações de intimidade.” O grupo de investigação tem verbas para continuar a seguir o grupo até terem 32 anos, o que acontecerá em 2017. Nessa altura já deverá ser possível avaliar se replicam a atitude dos seus pais com os próprios filhos.
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