Pensando na finitude da vida e por outro lado, como certas coisas nos marcam tão profundamente que duram pra sempre e ficam na nossa memória. Como as pessoas que amamos e que nos tocaram pelo caminho, os momentos que gostaríamos de revivê-los e as experiências, o que aprendemos, o que fizemos com o tempo que nos foi dado.
Passamos na vida por muitas situações até agora e todas elas nos moldaram e nos fizeram o que somos hoje pra melhor ou pra pior. Na verdade, o que podemos sempre contar é com as mudanças. A vida é uma eterna montanha russa com seus altos e baixos, como um vento forte que sacode as árvores e pode levar o que tiver pela frente.
Aqui neste momento penso no que quero ser, o que posso ser nesta jornada. Eu sei que isso é difícil, mas é necessário dar o primeiro passo, sair dessa inércia momentânea que nos aprisiona e nos impede de fazer o que tem que ser feito. O destino é importante, porém não é possível sem sair do lugar, sem dar o pontapé inicial.
Eu tenho tentado a cada dia, ser mais do que eu sou, ir além das minhas limitações e sair da minha zona de conforto, que de confortável não tem nada. A cada instante que eu me abro para algo novo, vejo algo diferente e aprendo coisas que ainda não conhecia. Tento sempre ver as coisas a partir de um novo ponto de vista, tento olhá-lo de uma forma que eu nunca pensei. Tento sempre resolver as coisas com o que eu sinto, muito mais do que como penso.
A minha razão, a minha coerência, tem que andar a serviço da minha intuição. Às vezes, uma situação ou uma escolha parece a ideal a princípio, mas se algo dentro de mim não está convencido ou não se sente à vontade com a decisão, eu não faço. Passei o que parece um longo tempo da minha vida, me anulando e colocando o meu querer em segundo plano, e hoje, me respeito para ter sanidade e não me atropelar pelo rolo compressor dos outros.
Claro, que tem momentos que hesito, que fico na dúvida e acabo me deixando levar. Mas sempre sinto um hiato, um vazio dentro de mim, quando me distancio de mim mesma, do que eu acredito e o que desejo pra mim. Afinal, meus planos, meus sonhos e minhas escolhas só devem fazer sentido pra mim e mais ninguém. São eles que iluminam o caminho que só eu tenho que percorrer, como faróis, mostrando para onde eu tenho que ir em seguida.
As pessoas tem essa necessidade de explicações, querem motivos, justificativas para nossas atitudes, por sermos assim ou assado, querem nossas respostas pra tudo, mas mal sabem as próprias perguntas. Querem o tempo todo dar opiniões e pitacos nas nossas decisões, onde estamos agindo certo ou errado, mas não sabem nem o que pedir para o almoço.
Eu busco me conectar comigo mesma e ir atrás do que é importante pra mim e pra minha vida. Às vezes, eu busco algo que não sei direito, que ainda não sei ao certo o que é. Mas mesmo ainda não sabendo, continuo procurando porque eu sei que quando eu encontrar, irei reconhecê-lo. Porque conforme o tempo vai passando e vamos amadurecendo, começamos a entender e a respeitar o tempo das coisas e como elas têm seu próprio termômetro para acontecer nas nossas vidas.
Quem nunca desejou algo de todo o coração e queria com todas as forças que aquilo se realizasse, o quanto antes, se fosse possível? Todo mundo. E também, todos nós já passamos pela experiência de decepção quando aquilo que tanto queremos não acontece, afinal de contas. É muito frustrante, quando as coisas não se desenrolam como gostaríamos. Então, a duras penas, começamos a entender que o tempo não se manifesta com a urgência que a gente deseja. Que é algo que não conseguimos controlar, nem domar, devemos tentar sim uma convivência pacífica com tudo aquilo que não conseguimos controlar, com tudo aquilo que não depende de nós para se concretizar. É como um aperto de mão invisível, um acordo mais ou menos assim: a gente faz a nossa parte, tudo que está ao nosso alcance. E a outra, a gente entrega e acredita.
Sim, a gente acredita e muito que se for para o nosso benefício e tiver que ser, aquilo vai acontecer. A primeira vista, parece uma atitude conformista, mas não é verdade, é bem incômoda pra ser sincera. Mas faz parte do processo de amadurecimento, entender na vida, o que realmente temos controle e o que não podemos de forma alguma controlar ou intervir. É um exercício difícil, mas tudo que não depende da gente, que não passa por nós, a gente entrega.
Aí, entra a fé e a crença de cada um e todas são legítimas. Tudo o que nos dá ferramenta e nos ajuda a sermos melhores, é algo positivo. E é ilusão nossa e um pouco inocente da nossa parte, termos a pretensão de controlarmos coisas que vão além da gente. O tempo não é o nosso e sim da natureza, da vida, de Deus, do que você quiser chamar. Acreditar nisso não é tarefa fácil e esperar por algo que tanto queremos, também não. Várias vezes, eu quis apressar o tempo e tentei impor as coisas ao meu modo. Mas isso não dá certo, é como tentar segurar água entre os dedos. As coisas seguem seu curso, seu tempo, independente da nossa vontade de querer controlá-las.
É uma caminhada longa, um processo de tentativa e erro. Às vezes, mais erros do que acertos. Mas as coisas são assim mesmo, degrau por degrau, gradativas. Ninguém já nasce sabendo, algumas coisas só requerem um aprendizado, novas experiências, certas coisas só vivendo mesmo. Isso demanda tempo, não conseguimos mudar quem somos de uma hora pra outra. Eu ainda não sou a pessoa que quero ser, tem momentos que pareço tão mais perto que quase consigo tocar. Mas, às vezes, também me afasto mais do que gostaria.
É uma gangorra, um exercício. Porque é uma tarefa árdua lapidar a si mesmo, buscar a sua melhor versão, apararmos nossas arestas. Nem todo mundo tenta, nem todo mundo quer, tem pessoas que saem vivendo por aí em piloto automático, sendo como são sem se preocupar com isso. E isso é uma postura bem cômoda, pois difícil de verdade é efetuar a mudança necessária e tomar as rédeas da situação, se responsabilizando por suas atitudes.
Mas eu acredito que esse esforço é fundamental, é necessário ser feito, pois a disciplina, o autocontrole vem antes do entusiasmo e atitudes impensadas. E eu não posso mais aceitar ser um fantoche das minhas próprias emoções, devo tentar entendê-las, para conseguir dominá-las. Tento sempre emular essa presença de espírito, tento identificá-la pra que eu possa agir assim em outras ocasiões, que eu possa agir da maneira que eu quero, da forma que eu acho certa pra mim.
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