Eu não mudei, você que me julgou antes de me conhecer realmente

Só conheceremos alguém de fato após convivermos de perto, no dia-a-dia, atravessando jornadas ao seu lado, não somente em momentos prazerosos, mas, principalmente, durante tormentas e tempestades.

É muito interessante a forma como muitos de nós costumamos levantar pré-julgamentos sobre os outros antes de realmente os conhecer de fato. Baseando-nos tão somente em aparência, no que os outros nos falam, no pouco que sabemos, muitas vezes simpatizamos ou não com as pessoas, bem antes de nos aproximarmos efetivamente delas.

Não raro, acabamos, após a convivência, gostando de algumas pessoas que, a princípio, não nos tinham causado uma boa impressão, pois elas vão se mostrando alguém maravilhoso, por trás daquela aparência tímida, introvertida ou mesmo rude. Da mesma forma, o tempo acaba também por revelar um lado, de algumas pessoas, ao qual não tínhamos atentado, um lado que não nos agrada, um lado que assusta e decepciona.

Isso porque só conheceremos alguém de fato após convivermos de perto, no dia-a-dia, atravessando jornadas ao seu lado, não somente em momentos prazerosos, mas, principalmente, durante tormentas e tempestades. As convenções sociais, as regras de convivência, os ambientes de trabalho, ou até mesmo a necessidade de aceitação, impõem que as pessoas sejam mais comedidas, porém, ninguém suporta sufocar suas verdades por muito tempo e o que somos acaba aparecendo, uma ou outra hora.

Por mais que demore, as pessoas traem a si mesmas, quando teimam em agir em desacordo com o que carregam dentro de si. Aquilo que nos movimenta o respirar, aquilo que nos compõe a essência, tudo o que pulsa em nossos sentidos e que nos sustenta afetivamente não conseguirá ser oculto, abafado ou sufocado enquanto quisermos. Ninguém consegue ser feliz atuando e fingindo e mentindo vinte e quatro horas por dia. Um dia a máscara cai.

Por isso é que não podemos nos antecipar ao curso do tempo, rotulando ou tirando conclusões precipitadas sobre as pessoas, sem ao menos sabermos minimamente sobre suas vidas. Julgar sem conhecer sempre será um erro, pois as pessoas possuem muito a oferecer, de bom e de ruim, e poderemos estar sendo injustos ou ingênuos, quando nos precipitarmos e rotularmos alguém precocemente. Aguardar sempre será melhor, pois todos mostramos a que viemos, por mais que demore, por mais fingimento que carregarmos. A verdade sempre aparece.

Imagem de capa:  LightField Studios/shutterstock







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.