Marcel Camargo

Eu não mudo por ninguém, mas melhoro por quem merece

Pode parecer arrogância egoísta dizer que eu não mudo por ninguém, mas vejo isso como uma tática de sobrevivência e de sanidade mental. Em todo relacionamento, deveremos abrir concessões e também esperá-las do outro, porém, isso não quer dizer que será preciso abrir mão de si mesmo, de sua essência, do que você verdadeiramente é, pois isso seria anular-se, tornar-se uma simples marionete.

Muitas pessoas não conseguem – ou não querem – perceber os limites entre si e o outro, ou seja, acabam se aproveitando das pessoas, enquanto só se importam consigo mesmas. Aos poucos e sorrateiramente, essas pessoas vão se colocando cada vez mais como o centro de tudo, enquanto nossas vontades e nossos sonhos não encontram espaço algum ali junto delas.

E, quando percebemos, os filmes, os restaurantes e bares, os passeios, as viagens, tudo são escolhas daquela pessoa. E, quando percebemos, já nem mais nos sentimos parte daquele relacionamento. É como se fosse o outro com ele mesmo, enquanto a gente assiste, ali, sem participação, sem protagonizar, sem palpitar, sem escolher, sem nenhum poder de decisão.

O pior é que, não raro, a gente acaba fazendo o que não gosta, comendo o que não satisfaz, saindo sem vontade alguma, tão somente para satisfazer ao que o outro dita como prioridades. Tudo bem fazer as vontades do outro de vez em quando, desde que não se torne a única coisa a se fazer. Você é parte desse relacionamento, parte ativa, em uma dinâmica que deve se pautar pela troca, pelo compartilhamento, pelo equilíbrio, pela reciprocidade.

Enfim, todo e qualquer relacionamento deve ser soma, ganho, deve nos melhorar como pessoa, enriquecendo nossos sentimentos e nos tornando mais felizes. Não aceite o contrário disso. O que nos anula e nos torna invisíveis deve ficar bem longe de nossa vida. Ninguém tem que mudar por ninguém, mas é necessário melhorar por quem merece. Por quem merece e por ninguém mais.

***Texto publicado primeiramente em Prof Marcel Camargo

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

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