Eu nunca tinha amado antes. Já tinha casado, já tinha prometido na frente de centenas de pessoas que amaria na saúde e na doença, por todos os dias de minha vida, mas meu coração não tinha jurado comigo.

Eu nunca tinha amado antes. Já tinha dividido camas, histórias, risadas e lágrimas com muitas pessoas. Tinha feito loucuras e esperado que me ligassem no dia seguinte. Tinha dado o número de telefone errado, porque não queria nunca mais que me encontrassem. Tinha gritado pro mundo que o amor era coisa de novela e que, na vida real, era tudo mentira.

Eu nunca tinha amado antes. Nunca tinha dado minha vida por alguém, porque ninguém nunca valeria meu bem mais precioso: eu mesma. Nunca tinha mudado minha rotina só por agradar; nunca tinha me esforçado pra comer algo que eu odiava só para compartilhar o paladar com alguém que amava aquela textura.

Eu nunca tinha amado antes. E você chegou e me conquistou no primeiro olhar. Você não fez nada, absolutamente nada, para que eu te amasse. Meu sentimento foi de graça, caiu no seu colo, você não precisou nem se mexer. Eu te olhava e meu coração se preenchia de uma forma que nenhum romance, nunca, tinha me contado que seria possível.

Eu nunca tinha amado antes. E achei que você valeria a pena. Mudei minha vida, meus sonhos, meus planos, meus amigos, meu endereço, meu sotaque, meu modo de vestir, meu jeito de sorrir, a firmeza do meu caminhar.

Eu nunca tinha amado antes, mas com você tive certeza. Eram tantas idéias parecidas, tanto desprendimento que eu nunca tinha visto antes, tantas vontades de descobrir o novo, tanto “vamos” que você respondeu com “com certeza”, tanta intimidade que fazia do meu corpo seu corpo e vice-versa.

Eu nunca tinha amado antes. E você me disse que não me amava de volta. E que queria ir embora sozinho. E você ficou frio. Parou de me ligar. Não olhou pra trás. Da noite pro dia, eu tive que te matar dentro do meu coração. Quando olhei dentro dele, vi que você tinha preenchido todos os espaços e que, se eu te matasse de uma vez, estaria matando a mim mesma. Então, da noite pro dia, morri também.

Eu nunca tinha amado antes. E essa noite fiz uma oração. Eu queria te pedir pra ficar e pra me amar de volta, mas sei que não posso. Não posso te pedir por um sentimento que você não tem no peito, e também não posso continuar amando pelos dois. Então, pedi para que seu caminho seja iluminado e para que, de alguma forma, eu encontre de novo a luz do meu.

Imagem de capa:Evgeny Atamanenko/shutterstock

Ana Carolina Faria Bortolo

Turismóloga e Administradora de Novos Negócios por formação. Escritora, pintora e dançarina por vocação. Planejadora de eventos, bartender, agente de viagens e vendedora por profissão. Garçonete de navio por opção. Vi o mundo e voltei, e de todos os rótulos que carrego na bagagem, só um me define bem: sou uma ótima contadora de histórias.

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Ana Carolina Faria Bortolo

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