Eu posso esquecer o que você diz, mas jamais esquecerei como você faz eu me sentir

Nossas memórias têm um papel fundamental em nossa vida, uma vez que as lembranças são capazes de nos acalentar, de nos acalmar, trazendo-nos conforto, ao nos transportar junto às pessoas e aos instantes em que a felicidade estava presente. Nos momentos de dor e desalento, rememorarmos sensações de paz e de sorrisos sinceros nos ajuda a atravessar a escuridão com esperanças fortalecidas.

Embora costumemos guardar aqui dentro más recordações, palavras ríspidas que nos dirigiram, comportamentos dolorosos que tiveram conosco, lágrimas que escorreram em determinadas ocasiões, aumentar o espaço das lembranças gostosas, capazes de nos fazer sorrir de novo, fará toda a diferença, cada vez que a vida disser não. Quanto mais enchermos nossos corações de positividade, mais forte ele se torna e cada vez mais imune à demora na dor.

Hoje, principalmente, parece que existe informação demais para ser guardada, haja vista a imensa variedade de assuntos que estão dispostos a qualquer um que tenha acesso à internet. Senhas, compromissos, matérias para a prova, datas de aniversários, contatos, é tanta coisa, tantos dados, que, sem a memória virtual do computador e do celular, ficaríamos perdidos. Nesse contexto, a memória como que vai se tornando meramente estatística, isentando-se de afetividade, uma vez que dados não aguçam os nossos sentidos.

O armazenamento de conteúdo, portanto, não pode achatar, num cantinho ínfimo de nossas lembranças, as memórias relacionadas à forma como nos sentimos em determinadas épocas, junto a certas pessoas, pois somos humanos e necessitamos de alimento afetivo também. O que nos ajudará a não desistir, a não sucumbir frente aos tombos da vida será exatamente aquilo que guardamos em nossas almas, aquilo que tocou os nossos corações.

Dados, números, idéias, tudo isso poderemos obter, recorrendo a pesquisas pela internet ou procurando nas agendas que acumulamos nas gavetas, no entanto, os sentimentos mais especiais e únicos, que preencheram nosso viver, somente estarão disponíveis, caso estejam impressos em nossa alma, enquanto os carregamos dentro de nós. A gente esquece o que já leu, estudou, viu ou ouviu, mas a gente não se esquece jamais daquilo que sentimos, do que nos fizeram sentir, ou seja, mesmo que o cérebro falhe, nosso coração sempre baterá mais forte com o que ficou junto à nossa essência, com verdade e amor sincero.

Imagem: HTeam/shutterstock







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.