Eu quero ver o gelo derreter. Mas não consigo derretê-lo sozinha. Olha só, veja quantas ondas já passaram por aqui, pensei ter me afogado, mas sempre consegui resistir. Mas não sei se consigo engolir mais água. Não sei se consigo respirar em mais um dilúvio. Não sozinha. Não carregando a mim mesma. Eu sempre precisei de você, até mesmo quando não estava aqui.
E se minhas próprias tempestades te afogam às vezes, acredite, está afogando a mim também. Mas eu não tenho a intenção de ser uma explosão. Se te peço carinho, imploro atenção, é porque só você acalma meus tormentos. De tanto remar, amar e amar, não sei se aguento guardar mais tanto amor só dentro de mim. Mas você se torna tão gelado, que fico com medo de tentar de derreter com meus amores, com os meus cuidados.
Como se cada palavra minha fosse o suficiente para te fazer secar. Não se afaste de mim. Se cada gota d’água fosse equivalente ao meu amor, ainda assim não descreveria. Metade de mim é tempestade, e a outra metade espera a sua calmaria. Pois nada me importa mais, nada me acelera mais. Eu amo com todas as gotas dentro de mim. Mas não sei mais nadar sozinha.
Eu quero ver o gelo derreter, não importa o quanto eu tenha que remar, mas vem me fazer companhia. Me deixa ser eu mesma com você. Me deixa te acordar todas as noites te entupindo com o meu amor, o meu amor, amor, que é tão seu. Me deixa perder o medo de dizer o quanto sinto e o quanto te quero. Me deixa ser seu par, me deixa ser tão sua quanto você é meu. Ou melhor, seja tão meu o quanto eu sou sua. Eu quero ver o gelo derreter, vem derreter todo o gélido comigo.
Vem remar, e amar, amor.
Vem.
Imagem de capa: Emotions studioshutterstock