Marcel Camargo

Eu tenho medo da maldade das pessoas

Algumas pessoas têm medo de aranha, outras de morcego, muitas temem cobras. Eu tenho medo mesmo é da maldade humana, da ruindade que habita certas pessoas. Há indivíduos muito mais traiçoeiros e perigosos do que qualquer animal peçonhento. E o pior é que, na maioria das vezes, a gente não consegue perceber a natureza má da pessoa a tempo de nos defender.

Eu tenho medo da maldade, porque ela é capaz de destruir o que estiver pela frente, ela fere, ataca a reputação das pessoas, ela é escuridão. Em tempos de internet, por exemplo, a maldade vem alcançando níveis absurdos. Contas são hackeadas, mentiras são plantadas, golpes são feitos virtualmente. Nem dá tempo de a vítima se defender e o público já a condena, caso tenha sido exposta de alguma forma. E pode ser tarde demais, quando a verdade vem à tona.

Eu tenho medo da maldade, porque ela nos pega desprevenidos, ela nos deixa sem ação, afinal, jamais esperávamos que alguém pudesse agir daquela forma. E, quando somos alvos da maldade, a gente se enfraquece de início, pois a perplexidade paralisa e deixa tudo meio nublado. A maldade tem sua força exatamente no elemento surpresa, pelo fato de que quem a recebe esperava tudo, menos aquilo. Ninguém está preparado para o mal do outro, a gente espalha coisa boa e espera o mesmo de volta.

É por isso que devemos sempre manter a bondade dentro da gente, haja o que houver, porque, mesmo que ela adormeça enquanto a nossa decepção se afogue em raiva momentânea, ela jamais morrerá, jamais se apagará. E o melhor remédio contra a maldade alheia sempre será a força de tudo o que for bom em nós. A bondade cria raízes fortes em nossa alma e, na hora certa, ela nos fortalece, para que tenhamos força para combater o mal.

Eu tenho medo da maldade das pessoas, mas não desisto da bondade. Ainda acredito que as atitudes de amor são muito mais fortes e duradouras do que o contrário delas. Ainda acredito que ajudar, acolher, doar-se e se colocar no lugar dos outros é o melhor que podemos fazer. Por mais que nos peçam o nosso pior, manter a nossa luz acesa é o mais digno a se fazer. Por mais que nos instiguem a pagar o mal com o mal, acredito que a resposta sempre será o amor. A maldade ficará no outro e o amor reinará em nós.

***
Texto originalmente publicado em Prof Marcel Camargo

Photo by bruce mars on Unsplash

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.

Recent Posts

Mãe expõe áudios de filha que foi abandonada pelo pai: “Nunca te fiz mal, pai”

Em mensagens de cortar o coração, a menina deixa evidente a falta que o pai…

2 horas ago

Mulher que teve experiência de quase morte detalha visão assustadora que teve ao ‘deixar seu corpo’

Cirurgia radical levou paciente ao estado de morte clínica, revelando relatos precisos de uma “vida…

4 horas ago

Agnaldo Rayol falece de forma trágica aos 86 anos e deixa legado na música brasileira

O cantor Agnaldo Rayol, uma das vozes mais emblemáticas da música brasileira, faleceu nesta segunda-feira,…

1 dia ago

Padre causa polêmica ao dizer que usar biquíni é “pecado mortal”

Uma recente declaração de um padre sobre o uso de biquínis gerou um acalorado debate…

1 dia ago

A triste história real por trás da série ‘Os Quatro da Candelária’

A minissérie brasileira que atingiu o primeiro lugar no TOP 10 da Netflix retrata um…

1 dia ago

Você sente “ciúme retroativo”? Ele pode arruinar as relações

O ciúme retroativo é uma forma específica e intensa de ciúme que pode prejudicar seriamente…

3 dias ago