É tão estranho, não deveria ser assim, mas costumamos descontar nossas frustrações justamente nas pessoas que mais nos amam. Quantas vezes chegamos do serviço com a cara emburrada, somos ríspidos com nossos filhos, com nossos irmãos, ou mesmo com nossos amigos mais próximos, quando estamos irritados por algo que não tem nada a ver com eles?
Há quem diga que as pessoas tratam mal, quando sabem que serão perdoadas, o que até chega a explicar um pouco esse comportamento inadequado com quem amamos. Mesmo assim, não deveríamos agir dessa forma com quem torce verdadeiramente por nós, com quem precisa de nós, por quem nos espera com um sorriso sincero ao final do dia. Acabamos desgastando relacionamentos que deveríamos regar. Acabamos afastando de nosso convívio quem deveríamos abraçar.
Precisamos aprender a falar o que for necessário para as pessoas certas. Precisamos direcionar nosso desprezo, nossa insatisfação, nosso descontentamento, a quem de fato causa tudo isso. Caso contrário, continuaremos jogando nosso peso emocional sobre os ombros de pessoas que não esperam isso de nós, simplesmente porque essas são as pessoas que nos ofertam o seu melhor, de maneira autêntica e com muito afeto envolvido. Isso destrói qualquer relacionamento.
Logicamente, quem nos ama e nos conhece de fato terá mais compreensão e será capaz de entender melhor nosso comportamento, uma vez que tentará se colocar no nosso lugar. O problema é que, caso o outro continuamente receba de nós apenas feridas que não provocaram, fatalmente terá seus sentimentos em relação a nós diminuídos, embaralhados, machucados. E a repetição da dor não será mais tolerada, uma ou outra hora. E aí já será tarde.
Tudo bem a gente chegar em casa assoberbado e mau humorado, em razão de problemas que se avolumam em nossas vidas. Também é nessas horas que os relacionamentos vivem, que o amor compartilhado vem nos confortar, que nossos queridos nos dão as mãos, um abraço, algumas palavras de conforto. No entanto, receber somente cara amarrada e lamúrias ninguém merece. Um conselho: evite expulsar de sua vida quem deve nela permanecer, morar, estar, viver. Apenas evite.
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