Quando eu era pequena, adorava ir fazer visitas com minha mãe. Havia sempre aquele momento (esperado!) em que os donos da casa ofereciam um café aos adultos e um bombonzinho às crianças.
Aquele breve momento de degustação valia todos os minutos de conversa entediante e horas preguiçosas. Estava ali o que me faltava, a doce recompensa por ser uma boa menina.
O tempo passou e, ainda muito nova, acreditava que amor era mais ou menos isso. Que um dia iria conhecer alguém e esse alguém seria a doce surpresa que chegaria para recompensar meu tempo de espera. O grande mimo para suprir toda minha tristeza adolescente e noites vazias rabiscando meu diário.
É claro que os primeiros namorinhos tiveram gosto de cafezinho com bombons na antessala dos meus sentimentos imaturos. Mas não duraram, e me deixaram com gosto de adoçante e papel metalizado na boca.
Me frustrava demais porque esperava muito deles. Esperava que surgissem somente para me agradar, somente para me animar, somente para me fazer feliz, somente para me salvar. E é claro que eu pensava ser capaz de fazer isso tudo por eles também.
Aos poucos fui amadurecendo e percebendo que não era assim. A sensação que eu sentia _ de ser resgatada no meio de uma conversa de adultos por alguns chocolatinhos _ era muito parecida com a sensação de conhecer meu primeiro namorado. Eu queria ser resgatada, e isso não é amor.
Descobri então que amor se confunde com muitas outras coisas, nem sempre verdadeiras, mas que enchem nosso peito de satisfação… e confusão.
“Existem muitas emoções que as pessoas julgam ser amor, mas não são”. Peguei a frase emprestada do doutor Théo, o psicanalista do seriado “Sessão de Terapia”. A frase me fisgou, assim como toda a verdade por trás dela.
Me fez lembrar uma outra frase, de Antoine de Saint- Exupéry, que diz: “O verdadeiro amor nada mais é que o desejo inevitável de ajudar o outro a ser quem realmente é.”
Porque há muita confusão por aí. Tem muito sentimento miúdo se confundindo com amor verdadeiro. Tem muita emoção pequena se passando por afeição sincera. Tem muito desejo de posse se misturando com bem querer pra valer.
Amor é quando você deseja o bem do outro mesmo sabendo que ele será mais feliz longe de você. É doloroso, eu sei, mas é real. E isso não vale somente para o amor romântico, e sim entre pais e filhos, irmãos, amigos.
Amor é querer que o outro seja ele mesmo em sua integridade, quando permito (e facilito) que o outro se aproxime de quem é de fato, independente do meu desejo de que ele se molde a mim.
É difícil amar de verdade. Amor assim, puro, sincero, pra valer, é muito raro.
Porque amamos dentro de nossas regras. Amamos quando o outro nos dá a mão e diz que vai ficar tudo bem. Agora, quando algo não sai conforme o script, o amor é substituído por medo. Medo de perder, medo de ser desnecessário, medo de ser preterido, medo de ficar sozinho. No fundo já nos sentimos desamparados, por isso tememos tanto.
Não tem essa de esperar que o outro venha preencher todos os espaços vazios ou colorir todas as telas em branco.
Amor não é para preencher lacunas.
Amor não vem para completar pessoas incompletas. Amor é sentimento para pessoas inteiras, para quem aprendeu a se amar e se respeitar.
Amor não é a hora do cafezinho no meio de uma reunião chata. Pois amor não resgata nem salva ninguém.
Amor é sal. Amor é tempero. Amor é colo e cheiro, sabor e calor. Vem para acrescentar, mas não é tábua de salvação. Vem para acalmar, mas não nos impede de transpirar. Vem para apascentar, nunca atormentar…
Por fim, um vídeo que assisti outro dia. Uma explicação belíssima da monja Jetsunma Tenzin Palmo, sobre a essência do amor. Sobre a diferença entre amor e apego. Vale a pena assistir:
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Imagem de capa: Kitja Kitja/shutterstock
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