Por Adriana Vitória
A família alugou uma bela casa em um bairro super charmoso. Os arredores eram cheios de verde e davam morada a tucanos, canários, sabiás e maritacas.
Ao longo dos anos, entretanto, a realidade mostrou-se mais forte que as expectativas e a família sentiu uma profunda disparidade de valores que ficava mais evidente em ocasiões como reuniões de escola ou até mesmo na convivência com alguns vizinhos.
A princípio eles julgaram que era só uma questão de choque cultural, mas essas diferenças eram superadas facilmente, uma vez que estavam próximos de onde vieram e podiam contar com as visitas frequentes dos amigos e com as idas à cidade que dava continuidade as trocas afetivas que eram tão essenciais para eles, prociando o equilíbrio de que precisavam.
Um ano se passou até que, nas caminhadas que faziam com os cachorros por uma estradinha de terra, antes caminho de pasto da antiga fazenda loteada, começaram a ver a necessidade de sair com um saco de lixo recolhendo garrafas de suco, papéis de bala e picolé, latas e todo tipo de coisa que as pessoas, simplesmente jogavam pelo caminho.
O tempo seguiu e os vizinhos começaram a espalhar também os restos de suas obras pela pequena estradinha que antes fora tão charmosa e as caminhadas tornaram-se desagradáveis. Ladrilhos, pregos, pedaços de arame farpado, canos e tubulações por toda parte.
Nesse meio tempo, houve tentativas de aproximar os filhos das crianças locais para que tivessem uma infância saudável de brincadeiras na rua. Não funcionou. O linguajar, não raro, lotado de palavrões e hábitos singulares acabou por separá-los.
Tudo isso começou a faze-los pensar na necessidade de uma nova mudança, mas, devido à dificuldade de se encontrar uma boa casa, resolveram procurar com calma, até que, há algumas semanas, uma vizinha próxima foi até eles aos berros e palavrões de quinta, ameaçando e reclamando das “fezes” dos cães na porta de sua casa.
Como vários cachorros, assim como vacas e cavalos, passeiam livremente a noite, isto não queria dizer que seriam cães deles. Mesmo assim, o que a vizinha chamava de “porta da sua casa” é, na verdade, um canto da estrada com pequenos arbustos adorados pelos cães. Mas não existem argumentos possíveis diante da ignorância. Ela continuou a atacá-los de maneira veemente.
A educação real nos mostra os limites de até onde podemos ir sem prejudicar quem esta ao lado. É a compaixão. Nos da o senso comum, ético e moral, e sem eles não podemos viver em sociedade. A falta dela, nos torna intolerantes, desagradáveis, mesquinhos, verdadeiros parasitas da sociedade. Um cardume nadando contra a maré, ou será a favor? Nem sei mais. Os valores andam tão equivocados que já ando meio perdida.
Partindo deste princípio, podemos encontrar o porquê de tantas discrepâncias do mundo atual, entender as guerras e os preconceitos: frutos da ignorância (ausência de informação) e da falta de educação.
O que nos diferencia dos países chamados do primeiro mundo, não é o poder econômico, mas a porcentagem de pessoas com direito à educação.
Ao contrário do que muitos pensam, a educação nos liberta e nos unifica. Quando privilegiamos a educação, respeitamos as diferenças e tiramos proveito delas para crescer e nos fortalecemos como país.
Temos que entender de uma vez por todas que não adianta lamentarmos. Quem faz um país é o povo e não meia dúzia de pessoas que porventura estejam no poder. Se vivemos no meio do lixo, é nossa responsabilidade limpar a casa.
Uma história impactante e profundamente emocionante que tem feito muitas pessoas reavaliarem os prórios conceitos.
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