De tanto acreditar numa coisa, ela se torna real. Acredite que não é digno de ser feliz e não será. Acredite que é capaz de tornar a vida de alguém melhor e tornará. Acredite que a vida é intercalada de desafios mais fáceis e mais difíceis, porque é assim que é.
Alguém sabiamente já disse que quando a água bate na bunda, a gente sai nadando. E isso é absolutamente verdadeiro. Muitas vezes, precisamos ser confrontados com a urgência de uma atitude, para sermos arrancados de uma situação tão cômoda, mas tão cômoda, que vem nos entorpecendo e nos impedindo de evoluir.
Se a vida fosse uma sequência de sucessos, nós acabaríamos por atrofiar o cérebro e ressecar o coração. O sucesso só tem esse gosto de iguaria rara porque, até que ele chegue, o percurso da viagem nos transforma, nos testa, nos impulsiona para experiências inaugurais de uma vida que ainda não havíamos provado.
Se a vida fosse uma sucessão de tragédias, sucumbiríamos à dor da frustração e do fracasso; perderíamos a fé naquilo que há de mais concreto dentro de nós: a nossa capacidade de renascer em uma outra forma, numa alma renovada dentro do mesmo corpo.
É esse intercalado de ápices e vales, apertos e relaxamentos, prazeres e dores que nos torna capazes de inventar, de reinventar, de transmutar cada uma das inúmeras tarefas a que somos apresentados em algo maior, melhor e mais significativo.
Somos seres dotados de habilidade afetiva. Somos instrumentalizados para sermos muito melhores do que temos sido. Somos muito maiores do que as tempestades que nos devastam.
E é a partir dos escombros de uma empreitada que não deu certo que, muitas vezes, reerguemos nossas bases e estruturas cognitivas e emocionais, a fim de criarmos um substrato diferente sobre o qual possa nascer o inusitado, o improvável, o que antes parecia ser impossível.
As maiores descobertas científicas, nascem de um embate devastador, quer seja na origem de uma doença física ou psíquica, quer seja num dilema acerca do universo, para o qual nunca encontraremos todas as respostas.
As ideias mais brilhantes, brotam do caos criativo. Nascem no silenciar de mentes que ousam refletir sobre o que parece absurdo aos olhos da maioria. A maioria que faz muito barulho por nada e cala diante da necessidade de um irmão.
Que sejamos, pois, sábios o bastante para honrar com solidariedade tudo aquilo que nos é oferecido pela vida como oportunidades de evolução. E que sejamos humanos o suficiente para submergir das dificuldades, íntegros em nossa essência e flexíveis em nossas crenças. Porque as facilidades vêm para nos tornar mais leves, e as dificuldades vêm para nos tornar mais fortes. Mas, leveza sem integridade, não faz nenhuma diferença. E força, sem bondade, não é nada.
Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “A teoria de tudo”.
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